A estudante de doutoramento Sara Jorge, a desenvolver investigação no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), conquistou recentemente um «3R Animal Research Tomorrow Award» com o projeto «ZMATRIX», onde é proposta uma alternativa menos agressiva de recolha de cortisol em peixes-zebra. O objetivo é reduzir o número de animais usados na investigação que envolve a medição desta hormona de stress.

Este prémio, no valor de 5.000  euros, representa para a investigadora “uma grande honra”, pois significa o “reconhecimento do trabalho desenvolvido nos últimos anos” durante o seu doutoramento em Ciências Veterinárias do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). Sara Jorge está a desenvolver a sua investigação no grupo do i3S «Laboratory Animal Science», liderado por Anna Olsson, sob orientação da investigadora do i3S Ana Valentim, e co-orientação de Luís Félix, da UTAD, e Benjamín Costas, do CIIMAR.

Além disso, sublinha Sara Jorge, “este prémio motiva-me a trabalhar ainda mais por uma ciência que respeite o bem-estar animal, especialmente dos peixes, onde ainda existe um longo caminho para percorrer para se atingir o mesmo nível de cuidado que se dá a roedores”.

Precisamente porque “existe pouca investigação sobre o bem-estar dos peixes”, a jovem investigadora está muito grata à Animal Research Tomorrow “pela oportunidade de criar uma mudança positiva na ciência e promover metodologias que respeitem o bem-estar destes animais”.

Em relação ao projeto que está a desenvolver, Sara Jorge esclarece que a “metodologia atualmente utilizada para a extração de cortisol em peixes-zebra é terminal ou stressante”, como tal, explica, “pretendo estudar o uso de matrizes não-terminais (muco da pele, escamas e porções de barbatanas), que podem ser facilmente recolhidas dos peixes”.

A eficácia destas amostras será determinada por meio de validação analítica e biológica, sendo também estudado o impacto da sua recolha no bem-estar dos peixes. Como esta abordagem não implica a morte dos peixes, sublinha Sara Jorge, “possibilitará a redução do número de animais utilizados e permitirá estudos longitudinais em peixes-zebra após medição de cortisol”.

Sobre a Animal Research Tomorrow

O objetivo da “Animal Research Tomorrow” é reforçar a sensibilização do público para a importância dos modelos animais na investigação biomédica experimental, promover a comunicação entre os investigadores e o público e aumentar a aceitação da Declaração de Basileia.

À semelhança da Declaração de Helsínquia, que alterou para sempre o panorama ético da investigação clínica em seres humanos, o objetivo da “Animal Research Tomorrow” é reunir a comunidade científica para fazer avançar a aplicação de princípios éticos, como os 3R (Replacement/Substituição, Reduction/Redução e Refinement Refinamento), sempre que os animais são utilizados na investigação.

Em 2022, a investigadora Estrela Neto, do i3S, foi uma das distinguidas com este prémio com o projeto “Os sistemas organ-on-a-chip são os melhores amigos do animal», onde propunha uma alternativa aos testes em animais na área das metástases ósseas e da dor associada.