A investigadora Estrela Neto, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, conquistou recentemente um «3R Animal Research Tomorrow Award» com o projeto “Os sistemas organ-on-a-chip são os melhores amigos do animal», onde é proposta uma alternativa aos testes em animais na área das metástases ósseas e da dor associada.

Este prémio, no valor de 5 mil euros, representa para a investigadora “um reconhecimento da importância do desenvolvimento de modelos complexos que permitam estudar mecanismos biológicos que ocorrem nos seres vivos reduzindo, ou mesmo substituindo, a experimentação animal”.

Neste caso, acrescenta Estrela Neto, “propomos um modelo organ-on-a-chip que mimetiza a sensação e perceção da dor em metástases ósseas que permitirá desvendar fatores que iniciam o processo da dor à periferia, testar novos fármacos e prever a sua eficiência”.

A precisão e reprodutibilidade dos modelos in vitro têm vindo a aumentar a confiança no seu uso e a reduzir a experimentação animal. O organ-on-a-chip, por exemplo, é um chip tridimensional que mimetiza as atividades e as respostas fisiológica/patológica de órgãos e sistemas. É como se fosse um órgão em miniatura. E, por essa razão, explica a investigadora, “são excelentes ferramentas para replicar unidades funcionais de sistemas biológicos e dissecar mecanismos celulares e moleculares”, explica a investigadora do grupo «Neuro & Skeletal Circuits» do i3S.

No caso da investigação do cancro e mais especificamente da dor óssea, os modelos animais continuam a ser muito usados, o que lhes causa muito desconforto. Assim, sublinha Estrela Neto, “com este modelo apresentamos uma alternativa para reduzir significativamente e, idealmente, substituir os testes em animais neste tipo de investigação”.

Estrela Neto já trabalha há alguns anos com modelos de microfluídica/organ-on-a-chip. “Este prémio vem consolidar a importância que esta linha de investigação tem atualmente. Irá contribuir também para o desenvolvimento de uma nova plataforma, que acredito fará diferença no avanço dos estudos associados à dor nas metástases ósseas”, conclui.