Teve a sua primeira edição antes da pandemia, no final de 2019, e está agora de regresso à Universidade do Porto trazendo consigo um programa de quatro concertos de guitarra abertos a toda a cidade. Teoria das seis Cordas é o nome escolhido para esta segunda edição do festival de música com curadoria jovem, a decorrer de 21 a 28 de outubro, em diferentes espaços da U.Porto.

Com curadoria de Francisco Berény Domingues, este ciclo de recitais vai passar pela auditório da Casa Comum (à Reitoria) e pelo Salão Nobre da Reitoria, pela Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva e ainda pelo Planetário do Porto.

Da música barroca à contemporânea, executada a solo, em duo, em diálogo com o piano, com elementos eletrónicos, sequências pré-gravadas e vídeo, o festival garante uma grande variedade de música de guitarra.

Essa amplitude reflete-se na diversidade dos compositores escolhidos, mas não só. Para além do habitual reportório, frequentemente baseado em transcrições de Bach, compositores espanhóis para guitarra (ou transcrições para guitarra de peças espanholas para piano), pode contar com expressões das novas músicas compostas para o instrumento mais popular do mundo. Este é, de resto, o ponto forte desta sequência de concertos.

Do leque de músicos nacionais e internacionais que vão passar pela Casa Comum destaca-se ainda o duo italiano Vanucci-Torrigiani, que se tem empenhado na tarefa de conciliar dois instrumentos que, neste tipo de música, não é com muita frequência que partilham o mesmo palco – guitarra e piano.

Vamos à música!

As honras de abertura vão direitinhas para a guitarra de Francisco Berény Domingues (Seis Cordas dos Séculos XX e XXI). O concerto do curador do evento está marcado para as 21h30 do dia 21 de outubro, no Salão Nobre da Reitoria, e incluirá a apresentação de obras de M. Ohana, F. Sor, L. Brouwer e E. Rautavaara.

No dia seguinte, 22 de outubro, mas às 18h00, o fio da guitarra leva-nos até ao Jardim Botânico e à Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva,  ao encontro do MP Guitar Duo, ou seja, Pedro Rufino e Manuel Toucinho, que trará Jogo de Espelhos – 3 Séculos e 2 Continentes.

Com o Jardim Botânico em pano de fundo, o duo constituído por pai e filho vai interpretar obras de A. Soler, A. Marcello/J.S. Bach, E. Granados, J.K. Mertz, S. Myers (a célebre “Cavatina”, um tema conhecido pela sua associação ao filme O Caçador) e A. Piazzola arranjadas para guitarra. Vão também apresentar música de um compositor brasileiro contemporâneo, Eli Camargo Jr.

Pedro Rufino (pai) e Manuel Toucinho (filho) dão corda ao “MP Guitar Duo”. (Foto: DR)

Dia 27 de outubro, às 21h30, o festival regressa ao Edifício Histórico da Reitoria. À entrada, logo à esquerda, a Casa Comum apresenta Memórias de Temas Italianos e Espanhóis a 88 Teclas e 6 Cordas. Com Lapo Vannucci na guitarra e Luca Torrigiani ao piano (uma conjugação invulgar devido à dificuldade de compatibilizar o volume sonoro dos dois instrumentos), o Duo Vannuci-Torrigiani vai fazer soar no auditório composições italianas contemporâneas, algumas das quais compostas tendo este duo em mente.

Composto por composições para guitarra e eletrónica, acompanhadas de projeção vídeo, o último recital é o “mais aventureiro”. Vai levar-nos “para perto das estrelas”, mais propriamente até Planetário do Porto – Centro Ciência Viva. A “viagem” arranca às 21h30 do dia 28 de outubro, e será liderada por Hugo Simões (guitarra) e Nádia Carvalho (eletrónica).

Atravessando várias obras ligadas à temática espacial, o programa vai fechar com Electric Counterpoint, obra escrita pelo “papa do minimalismo” Steve Reich para guitarra elétrica gravada sequencialmente, e que foi originalmente executada, sob supervisão de Reich, por Pat Metheny.

A entrada nos quatro concertos é gratuita, ainda que sujeita à lotação de cada uma das salas.

Hugo Simões vai atuar na última noite do festival, no Planetário do Porto. (Foto: DR)

Sobre Francisco Berény Domingues

Francisco Berény Domingues, a quem cabe a direção artística do Festival Teoria das 6 Cordas , nasceu em 1995 no Porto e iniciou os estudos musicais aos 11 anos. Frequentou o Curso de Música Silva Monteiro tendo já participado em vários recitais em Portugal e Espanha.

Destaca-se, entre outras, a sua apresentação na Assembleia da República, na Camara Municipal do Porto, onde teve o papel de solista com a Orquestra Juvenil da Bonjóia, no Festival Musicatos, no Festival 20.21 Évora Música Contemporânea, entre outros.

Recentemente, ingressou na Universidade Mozarteum em Salzburgo, onde fará um Mestrado em performance.