No ano letivo de 2021/22 completaram-se 40 anos da publicação, em Diário da República, do Decreto que criou a Licenciatura em Ciências do Meio Aquático (CMA) do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto. Para comemorar este aniversário, a Comissão Científica do curso organizou uma exposição e um encontro, que tiveram lugar no passado dia 8 de julho, nas instalações do ICBAS.

A exposição, com o título “Ciências do Meio Aquático: 40 anos de ensino e investigação no ICBAS“, reuniu um conjunto de obras da autoria de vários docentes do curso. Foi possível observar “Microparasitas de animais aquáticos” através de desenhos e modelos em gesso de Carlos Azevedo, a “Ultraestrutura de invertebrados marinhos” pelas fotografias de Alexandre Lobo da Cunha e João Carvalheiro, e momentos das “Investigações em África” realizadas por Adriano Bordalo e Sá.

Estiveram ainda expostos diversos desenhos de estudantes sobre observações ao microscópio de algas, plantas aquáticas e peixes.

Exposição de desenhos e fotografias de trabalhos de docentes e estudantes do curso de CMA. (Foto: ICBAS)

Da parte da tarde, as celebrações mudaram-se para o Salão Nobre do complexo ICBAS/FFUP, palco de uma sessão comemorativa que reuniu docentes, investigadores, antigos e atuais estudantes num encontro descontraído, onde foi destacado o caráter inconformista e criativo que CMA trouxe e traz àqueles que passam pelo curso.

Alexandre Lobo da Cunha, Diretor da Licenciatura em Ciências do Meio Aquático, Henrique Cyrne Carvalho, Diretor do ICBAS, Pedro Rodrigues, Vice-Reitor da Universidade do Porto, e Salomé Gomes,  Vice-Presidente do Conselho Pedagógico do ICBAS, abriram a sessão.

Henrique Cyrne destacou a “enorme qualidade e reconhecido mérito da licenciatura”, lembrando que “estão a ser refletidas condições que tornem o curso ainda melhor e mais atrativo, num modelo atualizado às exigências do agora, de forma a continuar a projetá-lo com o grande dinamismo que sempre teve”.

Seguiram-se as intervenções de João Coimbra, grande impulsionador do curso, e de Mike Weber, um dos docentes mais carismáticos de Ciências do Meio Aquático. Ambos recordaram os momentos mais marcantes dos 40 anos da história da licenciatura, desde a criação de infraestruturas chave, como o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e a Estação Litoral da Aguda (ELA), até às inúmeras saídas de campo, que garantem um ensino prático, de “mãos na massa”, e que marcam para sempre os estudantes de CMA.

Paulo Vaz-Pires (Diretor do Departamento de Produção Aquática do ICBAS), Pedro Rodrigues (Vice-Reitor da UPorto), Alexandre Lobo da Cunha (Diretor da Licenciatura em CMA) e Salomé Gomes (Vice-Presidente do Conselho Pedagógico do ICBAS) foram quatro dos intervenientes na sessão comemorativa. (Foto: ICBAS)

Uma história que atravessou gerações

A sessão prosseguiu com as participações de estudantes que concluíram a licenciatura nas diferentes décadas. António Afonso, finalista de CMA em 1983 e que se juntou depois ao corpo docente do curso, homenageou a determinação dos professores na fundação e consolidação da licenciatura.

Henrique Silveira, representante dos estudantes da década dos 90 e investigador no Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), fez um breve resumo do seu percurso científico, destacando o quão relevante foi CMA para as suas decisões e evolução na carreira científica.

Para Susana Moreira, finalista em 2000 e atual responsável pelo Gabinete de Ciência e Inovação do CIIMAR, os anos em CMA trouxeram-lhe persistência, criatividade, assim como capacidade para realizar várias tarefas em simultâneo e para trabalhar em rede.

Sónia Rocha, que acabou o curso em 2009 e é atualmente investigadora no ICBAS, lembrou e congratulou a transição para o processo de Bolonha, facto que permitiu uma licenciatura em CMA mais vocacionada para os interesses dos seus estudantes.

Todos, docentes e estudantes, lembraram com saudades a proximidade entre ambas partes, muitas vezes comemorada em convívios realizados no contexto das saídas de campo. Para Natascha João, atual estudante de 3.º ano de Ciências do Meio Aquático, “CMA é muito mais do que um curso, é uma família onde estudantes e docentes partilham experiências diariamente”.

Por fim, Paulo Vaz Pires, Diretor do Departamento de Produção Aquática do ICBAS, fechou o evento referindo vários aspetos da história do curso e prestando uma homenagem aos professores do Departamento que se aposentaram recentemente.

A comemoração terminou com um jantar convívio no Clube Universitário do Porto.