Fazer investigação ligada às artes e às ciências ao estar num espaço e trabalhar nele ou a partir dele. Este é o mote do Núcleo de Investigação Paralaxe , uma iniciativa de três artistas plásticas formadas na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), que fez recentemente do Instituto Geofísico da Universidade do Porto (IGUP) – edifício da responsabilidade da Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP) – a sua primeira residência artística

A ideia inicial de Luísa Abreu, Carolina Grilo Santos e Diana Gonçalves era promover atividades em grupo e visitas guiadas. Mas a pandemia trocou as voltas a este projeto de criação e investigação em arte em contexto de residência, financiado pela Direção-Geral das Artes. 

As artistas decidiram então desenvolver, para o Serviço Educativo do IGUP, mapas e folhetos didáticos para permitir uma visita ao autónoma ao jardim fenológico (instrumento para analisar o crescimento de espécies clonadas), ao parque meteorológico e à estação sísmica construída pelo governo norte-americano para monitorizar testes nucleares no subsolo. 

Mapa desenvolvido para o Serviço Educativo do IGUP. (Imagem: DR)

Exposição final em novembro

Mas o projeto ainda está longe de ter terminado. Para o efeito, serão convidados a apresentar trabalhos outros artistas e também cientistas. No final, todos os trabalhos artísticos desenvolvidos, e que vão sendo disponibilizados na página do Núcleo Paralaxe, farão parte de uma exposição final. 

Para esta exposição, com inauguração marcada para o dia 7 de novembro, no IGUP, estão já convidados o fotógrafo e editor de vídeo Dinis Santos, a artista plástica Diana Carvalho e o escultor e artista multidisciplinar Hernâni Reis Baptista. Já para  janeiro de 2021 está previsto o lançamento de uma publicação impressa com vários trabalhos realizados ao longo do projeto, no Maus Hábitos, no Porto. 

Luísa Abreu, Carolina Grilo Santos e Diana Gonçalves são as três fundadoras do Núcleo de Investigação Paralaxe. (Foto: DR)

“Vamos fazer um trabalho de curadoria com os artistas em residência para perceber como é que relacionamos o trabalho deles com coisas que existem no instituto e que podem, de repente, relacionar-se”, explica Diana Gonçalves, em entrevista ao jornal Público. “A exposição não vai ser apenas de objetos artísticos, mas quase museológica”, remata.

Unir a Ciência e a Arte

Já em entrevista à página Arte Capital, Luísa Abreu nota que “é muito bom perceber a heterogeneidade com que os artistas estão a estabelecer ligações ao IGUP, às vezes a partir de coisas microscópicas da investigação que lá é realizada, ou de uma apropriação mais abrangente de ideias científicas ou mesmo metodologias de trabalho”,

É neste contexto que surge, por exemplo, o trabalho que está a ser desenvolvido em colaboração com Helena Sant’Ovaia, docente da FCUP e Diretora do IGUP. “O Carlos Mensil, uma das colaborações satélite, interessou-se imediatamente pelo projeto porque trabalha muito com ímanes e a diretora do IGUP é especialista em magnetismo. Para nós, é mesmo positivo podermos juntar um artista com uma investigadora que lhe pode ser útil para o trabalho que desenvolve”, refere a jovem artista plástica.

“É muito bom perceber como é que o nosso projeto, e os encontros que ele poderá propiciar serão importantes para os artistas, ou o trabalho que deixámos feito poderá ser importante para quem visita o IGUP”, remata.