Teresa Borges, investigadora do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR-UP) e professora na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), liderou o desenvolvimento de uma nova tecnologia para produção em massa de microalgas, como forma de dar resposta à procura exponencial do mercado.

A partir dos estudos realizados no CIIMAR no domínio das microalgas, rapidamente se verifica que não faltam benefícios a elas associados: prevenção de doenças, alimentação saudável, biocombustíveis, entre outros. O potencial para várias aplicações das microalgas fez-se por isso acompanhar por uma demanda para a produção em massa sem precedentes, que corresponda à procura e comercialização crescentes de diferentes produtos.

Foi portanto com o objetivo de atender às diferentes solicitações de quantidade e tempo de produção que Teresa Borges desenvolveu o “Rotating Flat Plate Photobioreactor” (RFPPB). Resultado de uma colaboração da docente e investigadora com Miguel Melo, seu estudante de mestrado na FCUP, e Nídia Caetano, professora da Faculdade de Engenharia da U.Porto, o novo sistema é fruto de um “trabalho que já conta com 5 anos” e que, para além da FCUP e da FEUP, contou também com a colaboração do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP).

Mais barato e mais eficaz

Desde trabalho nasceu então uma tecnologia capaz de otimizar a utilização de luz incidente na cultura, diminuir o tamanho desta biotecnologia e simplificar a colheita das microalgas.

Na verdade, um dos passos mais dispendiosos em produções de microalgas em larga escala prende-se com a recolha e desidratação destes seres vivos, para posterior comercialização. O seu cultivo dá-se, normalmente, em suspensão – por exemplo, em fotobiorecartor -, um processo que acarreta custos elevados e limitado tamanho da produção.

Com o desenvolvimento do RFPPB, o problema do elevado custo associado a estes procedimentos tende a diminuir. Em alternativa, o crescimento das microalgas passa a dar-se em biofilme – uma espécie de película constituída por estes organismos, aderida a placas de PVC –, ao invés de se dar suspenso num meio de cultura líquido; e o espaço requerido por este sistema é menor. Assim, a sua recolha realizar-se-á de uma maneira mais acessível e com menos custos económicos associados.

Um biofilme permitirá uma maior produção e facilidade na recolha de microalgas permitindo preservar as suas características e sabor. (Foto: DR)

A resposta para as pequenas empresas

Segundo Teresa Borges, “uma maior eficiência de produção traduzir-se-á em menores custos globais e maiores margens de lucro potenciais”, podendo ser a resposta para a produção quer em grandes como em pequenas empresas.

“No caso das microalgas produzidas em pequenas empresas – especialmente se lideradas por empresários jovens, e dispondo de baixo financiamento –, ser mais eficiente pode ser um fator determinante para a sobrevivência da empresa num mercado tão competitivo como o da produção de microalgas”, conclui a investigadora, em declarações ao Jornal Universitário do Porto (JUP).

Além destas vantagens, a tecnologia é exímia em preservar as propriedades das microalgas e o seu sabor, algo que as atuais produções em massa não conseguem garantir. Aqui, as propriedades referidas são preservadas ao longo de todo o procedimento, o que faz com que o consumidor possa adquirir um produto mais completo.