Se os alimentos só pudessem ter um sabor, Susana Soares escolheria provavelmente… queijo derretido. Mas porque não podem (pelo menos por enquanto), é à compreensão do sabor daquilo que comemos que a investigadora portuense, de 34 anos, se dedica, há dez anos, nos laboratórios do departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).

Licenciada em Bioquímica em 2006, Susana construiu todo o seu percurso académico na FCUP, incluindo o mestrado (2008) e o doutoramento (2012). Uma relação que esta fã incondicional  do “Código Da Vinci” haveria de manter como investigadora, especializada na compreensão dos “mistérios” escondidos nos sabores dos alimentos. Não estranha por isso que tenha encabeçado o grupo de investigadores responsável pelo projeto “FoodNano Sense”, que visa tornar mais “apetitosos” e desta forna promover o aumento do consumo de alimentos reconhecidos pela sua ação anticancerígena e de proteção cardiovascular.

Desenvolvido em parceria com o Prof. Victor Freitas, da FCUP, o trabalho de Susana Soares já mereceu reconhecimento nacional e internacional. Entre as distinções recebidas incluem-se o Prémio Michael Symington 2014, atribuído pela ADVID , e o prémio atribuído pela American Chemical Society ao melhor artigo publicado em 2013, na prestigiada revista Journal of Agricultural and Food Chemistry.

Naturalidade? Miragaia, Porto

Idade? 34 anos.

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

O que mais gosto da Universidade do Porto é a sua excelência, exigência e inovação. Penso que a universidade tem evoluído para responder às necessidades da investigação em estreita parceria com as empresas contribuindo para responder aos desafios societais actuais.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

O que menos gosto é a distribuição geográfica. Gostaria que a maior parte das faculdades estivessem num mesmo campus de modo a ser mais fácil a colaboração e partilha de facilidades.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Gostava de ver a integração de investigadores nos quadros da Universidade. Isto é uma questão nacional, não só da UP, mas cada vez mais é uma questão central, a carreira de investigador.  Uma resposta a esta problemática resultaria num maior comprometimento e motivação.

– Como prefere passar os tempos livres?

Os tempos livres são passados entre cozinha e música. Adoro cozinhar petiscos e tapas e, por outro lado, cantar. A música sempre fez parte da família e por isso o meu irmão toca piano e eu canto.

– Um livro preferido?

Código da Vinci, de Dan Brown.

– Um disco/músico preferido?

O meu gosto de música varia imenso desde música comercial atual até música dos anos 80, 90 (Roxette, the Corrs, Enigma), passando por compositores como Michael Nyman e Ludovico Einaudi.

– Um prato preferido?

Qualquer prato com queijo derretido!!

– Um filme preferido?

O mesmo do livro. “Código da Vinci”.

– Uma viagem de sonho?

Uma viagem de sonho seria fazer um roteiro visitando a Índia, Tibete e Nepal.

– Um objetivo de vida?

Um objetivo de vida profissional é  ser uma investigadora cujo trabalho seja importante para a sociedade e dê conhecimentos para responder aos desafios atuais mais importantes.

– Uma inspiração?

A minha professora de Biologia do secundário. Uma pessoa excelente, muito dedicada, sempre muito exigente e trabalhadora.

– O projeto da sua vida…

Criar uma família feliz. É um pouco clichê mas cada vez mais é difícil conseguir um equilíbrio entre trabalho e família. Se conseguir este projeto de certeza que será o meu melhor projeto.

– Uma ideia para melhorar a alimentação dos portugueses?

Educação alimentar e inovação tecnológica: educação alimentar porque as pessoas precisam de saber comer melhor; para além disso, e como é a minha área de investigação, penso que uma solução também pode passar por manipular alguns alimentos de modo a enriquecê-los em nutrientes com propriedades benéficas a nível da saúde.