Há muito de Vespúcio Ortigã – o detetive protagonista de A Fúria das Vinhas, romance de Francisco Moita Flores passado nos socalcos do Douro – em Anabela Carneiro.  Ou não fosse esse o livro de eleição desta portuense que, desde menina, se habituou a lidar com o mundo dos vinhos na região classificada, desde 2001, como Património da Humanidade. “Provavelmente pela minha ligação familiar à Região do Douro. Lembro-me de acompanhar, sempre com muito entusiasmo, o meu avô materno em algumas tarefas agrícolas. E o gosto ficou…”, conta. Ao ponto de ter feito das vinhas o palco principal do seu percurso académico e profissional. Licenciada e doutorada em Ciências Agrárias pela Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP), desenvolveu aí a que foi considerada a melhor tese de melhor doutoramento na área das Ciências da Vida, Ciências Agrárias e Arquitetura Paisagística apresentada na FCUP, nos últimos três anos.

A ligação de Anabela Carneiro à U.Porto remonta ao ano 2000, quando ingressou na Licenciatura em Engenharia das Ciências Agrárias da FCUP. Acabaria por concluir o curso com a classificação mais elevada do seu ano, feito que lhe valeu a conquista do seu primeiro Prémio Eng. António de Almeida, no ano letivo de 2005/2006. No seu percurso académico inclui-se ainda um curso de Pós-Graduação em Tecnologia, Ciência e Segurança Alimentar e a participação num projeto de Investigação sobre o Sistema Integrado de Diagnóstico e Recomendação (DRIS), em várias culturas agrícolas.  Este tema, aplicado à cultura da vinha, viria a constituir o domínio de investigação da sua tese de Doutoramento em Ciências Agrárias (que concluiu em 2015), financiada pela FCT e distinguida, em outubro passado, pela Fundação Eng. António de Almeida, durante a cerimónia do Dia da FCUP 2017.

No plano profissional, Anabela Carneiro é, atualmente, Diretora Executiva da maior Federação de Vitivinicultores da Região Demarcada do Douro: a nova Casa do Douro. Desde setembro de 2017, integra também o corpo docente da FCUP como Professora Auxiliar convidada nas áreas da Viticultura e Enologia.

Naturalidade? Porto.

Idade? 34 anos.

– De que mais gosta na Universidade do Porto?
Da sua excelência e vitalidade.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?
Da dispersão do pólos que a constituem.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?
Fomentar, cada vez mais, a parceria e a articulação entre a UP e a malha empresarial.

– Como prefere passar os tempos livres?
Gosto de me entreter em atividades tão banais como jardinagem, viagens, desporto ou compras, …

– Um livro preferido?
A Fúria das Vinhas, de Francisco Moita Flores.

– Um disco/músico preferido?
Os GNR.

– Um prato preferido?
Mousse de chocolate pode ser considerado prato?

– Um filme preferido?
“Quatro casamentos e um funeral” (1994), de Mike Newell.

– Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?
Egipto, sem dúvida alguma, pela história. A repetir…

– Um objetivo de vida?
Só um, mas muito ambicioso: ser feliz e sentir-me realizada em tudo aquilo em que me envolvo.

– Uma inspiração?
A minha família, sempre!

– Planos para o futuro?
Desenvolver um Projeto de Jovem Agricultora na Região do Douro, tanto mais que algumas realizações na área da viticultura já vêm dos meus tempos de estudante e, por outro lado, contribuir a nível institucional para dinamizar projetos nacionais e internacionais que se prendam com a cultura da vinha e do vinho.