Foi em setembro passado que Maria Inês Barros alcançou, em Osijek, na Croácia, o que nenhuma portuguesa fizera em mais de um século de história. Aos 22 anos, a estudante finalista do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) garantiu o apuramento para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, ao sagrar-se campeã europeia de Tiro com Armas de Caça.

Mas a história daquela que será a primeira atiradora portuguesa a competir, a título individual, no maior evento desportivo do planeta, começa a contar-se bem longe da “cidade luz”. Mais propriamente em Penafiel, cidade onde cresceu, aprendeu – frequentou o ciclo Básico e Secundário na Escola Secundária de Penafiel – e onde pratica Tiro no Clube de Caçadores do Vale do Tâmega.

Porque a competição corre-lhe nas veias, também praticou  desporto escolar (natação) durante o ensino básico e secundário. Fora do desporto, participou nas Olimpíadas da Matemática, da Física e da Química e, destacou-se, a nível nacional no SuperTmatik, um jogo de cartas baseado no cálculo mental.

Acabaria, contudo, por ser a Medicina Veterinária a vencer na hora da escolha do curso superior. “Desde que me lembro sempre tive gosto em estar em contato com os animais. Houve uma altura em que hesitei, e até decidi pôr como 1ª opção Medicina. Mas até fiquei feliz por não ter conseguido entrar na minha 1ª opção.

Atualmente no 5º do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária no ICBAS, Maria Inês Barros refere que “esta experiência tem sido, sem dúvida, desafiante desde o princípio.”

“O maior desafio é a gestão de tempo. Quando ingressei neste curso, não estava à espera de horários tão preenchidos e o mesmo aconteceu na vertente de atleta. Quando comecei a competir em sénior, desde o ano passado, passei de ter cerca de duas ou três provas internacionais para oito a nove”, diz. Concluindo, “todos estes fatores fizeram de mim uma pessoa mais organizada, característica que confesso que era um dos meus pontos fracos”.

Maria Inês Barros frequenta o 5.º – e último – ano do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária do ICBAS. (Foto: DR)

Mas o grande “prémio” viria mesmo com o apuramento olímpico, um feito inédito no desporto português e ponto mais alto no percurso desportivo da jovem atiradora.

“Representa tudo, acho que não consigo encontrar uma única palavra senão esta. Pois para mim foi a alegria, o alívio, a realização, e outras emoções juntas”, nota Maris Inês Barros.

Conquistado um lugar em Paris’2024, a estudante atleta não poupa na ambição para a competição do próximo ano. “Irei fazer o meu melhor. E, espero que esse meu melhor me leve ao lugar mais alto!”, atira.

A atiradora do Clube de Caçadores do Vale do Tâmega promete dar o melhor em Paris ‘2024. (Foto: DR)

O certo é que, com este apuramento os Jogos Olímpicos, Maria Inês Barros culmina uma temporada brilhante, marcada também pela conquista de duas medalhas de ouro em provas da Taça do Mundo, para além do 9.º lugar na prova de fosso olímpico dos Mundiais de Tiro.

Antes, já tinha conquistado uma medalha de prata em Baku, em 2022, ano em que foi terceira na final da Taça do Mundo, além de ter sido vice-campeã europeia de juniores, em 2021, na modalidade de Tiro aos Pratos.

Motivos mais que suficientes para conhecer um pouco melhor esta campeã que diz querer “melhorar a imagem do tiro como desporto só de homens”.

Naturalidade: Paredes, Penafiel

Idade: 22 anos

 – De que mais gosta na Universidade do Porto?

Para além de ser a melhor universidade portuguesa a nível mundial, a U.Porto é bastante acolhedora com os seus estudantes.

 – De que menos gosta na Universidade do Porto?

Os transportes. No nosso caso, em medicina veterinária, temos aulas em Vairão e não é possível assegurar transporte para todos os alunos desde a Universidade até Vairão.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

A minha ideia para melhorar a Universidade tem a ver com a minha experiência pessoal como Atleta e Estudante. A U.Porto pode tentar criar uma seção dedicada a estudantes com estatuto, isto porque, muitas vezes senti que não sabia o que fazer ou aonde encontrar informação para conseguir, por exemplo, remarcar exames, justificar faltas, renovar o estatuto, entre outras coisas que os estudantes com estatuto têm direito, e às vezes nem o sabem.

– Como prefere passar os tempos livres?

Gosto de ter momentos só meus em que posso estimular a minha criatividade, como por exemplo, dedicar-me a um projeto de pintura ou de desenho, também gosto de trabalhos manuais como crochê, também gosto de ver filmes e séries.

 – Um livro preferido?

Eu tenho uma dificuldade enorme em dizer somente um preferido. Mas, ultimamente, livros do autor Ken Follett tem me cativado bastante, também por influência da minha irmã mais velha.

– Um disco/músico preferido?

Aprecio vários estilos musicais, e mesmo dentro de cada um não consigo definir um favorito.

No entanto, ouço bastante pop, rock e eletrônica, principalmente quando estou em competição.

– Um prato preferido?

Frango estufado com ervilhas, feijoada e lasanha.

– Um filme preferido?

Pode não ser o favorito, mas nunca me canso de ver a saga Harry Potter.

– Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?

Gostaria de um dia visitar o parque Universal Studios.

– Um objetivo de vida?

Tenho vários, um deles acabei de concretizar que é o apuramento para os Jogos Olímpicos.

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

A minha família.

– O projeto da sua vida…

A nível profissional quero contribuir para melhorar o acesso aos cuidados de saúde dos nossos animais de estimação.

– Uma ideia para promover uma maior ligação entre a Universidade e a comunidade?

Acho que nesta parte de promover a ligação entre Universidade e a comunidade, a U.Porto tem feito um ótimo trabalho.