Formou-se em Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e, mais de 25 anos depois, é hoje docente da “casa”, para além de médico de cirurgia geral e medicina desportiva. Desde maio deste ano, Carlos Magalhães é também o presidente da International Association for Ambulatory Surgery (IAAS). Um cargo cheio de desafios, mas que, acima de tudo, “representa o reconhecimento internacional da qualidade do trabalho que se faz nos nossos hospitais na área da Cirurgia Ambulatória (CA), e o contributo que Portugal pode dar para que os bons resultados do nosso país possam ajudar outros países a seguirem o mesmo modelo”.

Numa época em que as listas de espera para cirurgia são longas e demoradas, o regime de ambulatório “é uma das melhores formas de tratar os doentes, apresentando-se como uma alternativa rápida e eficaz, evitando os atrasos de listas de espera de outros procedimentos cirúrgicos que podem ser morosos na sua concretização”.

Para Carlos Magalhães, é preciso mostrar através da evidência científica e da “nossa experiência” que, efetivamente, “a cirurgia realizada em regime de ambulatório apresenta a mesma qualidade e segurança do que aquela concretizada em regime de internamento”.

Por isso, um dos eixos centrais do novo presidente da IAAS passa por “mostrar aos profissionais de saúde, os doentes, os administradores hospitalares e políticos de que esta é realmente a  melhor via para tratarmos a grande maioria dos nossos doentes”.

No futuro, o médico ambiciona que a Cirurgia de Ambulatório se assuma como uma área de contínuo investimento, relembrando que há ainda muitos países onde não e praticada: “o que gostava de fazer na IAAS passa por assegurar que o ambulatório possa ser assumido como uma possibilidade nas intervenções cirúrgicas a nível mundial, em todos os países”, conclui Carlos Magalhães.

– Naturalidade? Penafiel

– Idade? 51 anos

De que mais gosta na Universidade do Porto?
Da sua ligação à cidade e do facto de ser uma Universidade “histórica”, que se traduz pelo Edifício da Reitoria.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?
Da pouca interligação entre as diferentes faculdades.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?
Que continue a “valorizar” todas as suas “pessoas”, pois são elas a essência da U.Porto.

– Como prefere passar os tempos livres?
A praticar desporto e a viajar.

– Um livro preferido?
‘A Saga de um Pensador’ de Augusto Cury.

– Um disco/músico preferido?
Mariza …. e Iara Magalhães (ainda vão ouvir falar dela no futuro…).

– Um prato preferido?
Polvo preparado de todas as formas.

– Um filme preferido?
Top Gun – Ases Indomáveis (o primeiro que vi em cinema)

– Uma viagem de sonho?
Moçambique (Nampula, Beira e Maputo), numa Missão para ensinar os conceitos da Cirurgia de Ambulatório – Curso Teach the Teachers.

– Um objetivo de vida?
‘Make it simple’, e tentar melhorar todos os dias.

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)
Prof. Nuno Grande, Prof. Hernâni Vilaça e Prof. Corália Vicente, entre muitos outros …

– Quais quais os grandes desafios na promoção do desenvolvimento da cirurgia ambulatória de alta qualidade, em Portugal e no mundo?

São desafios principais: o primeiro passa por implementar, divulgar e expandir a Cirurgia de Ambulatório a todos os países a nível mundial, dado que está provado ser esta uma das melhores formas de tratar a grande maioria dos pacientes que necessitam de uma intervenção cirúrgica. Em Portugal, será continuar a difundir a mensagem de que os Hospitais do SNS e do sistema privado devem apostar neste modelo cirúrgico, em que os pacientes são submetidos a uma cirurgia e regressam a casa no mesmo dia. O segundo, aproveitar e disponibilizar os últimos avanços na área médica (na área anestésica, cirúrgica e de enfermagem) para serem aplicados e implementados na área da CA, para que a qualidade e segurança dos procedimentos cirúrgicos seja mantida, aumentando o número e complexidade de procedimentos e de pacientes, que deverão ser incluídos neste regime cirúrgico: técnicas mini invasivas, monitorização e novos fármacos anestésicos, cirurgia laparoscópica e cirurgia robótica, novas tecnologias digitais de interconectividade, etc.