Nascida e crescida em São Miguel, nos Açores, Ana Cabral escolheu o curso de Engenharia Química na Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) por gosto e pela forte componente prática da área. Sempre teve vários interesses, mas cinema nunca foi uma possibilidade séria.

O destino, afinal, tinha outros planos. Um contacto através da rede social Instagram por parte da produção de “Lobo e Cão”, uma longa-metragem da realizadora portuguesa Cláudia Varejão, valeu-lhe uma história para mais tarde contar.

Tornou-se uma das protagonistas desta produção de ficção que estreou em dezembro passado nos cinemas nacionais e que faz um retrato da juventude ‘queer’ açoriana.

“Sem nunca ter estado à frente de uma câmara, descobrir a minha personagem (homónima) ‘Ana’ foi o primeiro desafio. Encontrar o que há dela em mim e o que nos separa. Conhecê-la foi dar-lhe vida. Foi um privilégio poder ter dado parte de mim a este projeto e vê-lo tornar-se cinema”, revela a estudante da FEUP.

Ana Cabral na rodagem de “Lobo e Cão”, de Cláudia Varejão.

O filme foi rodado na sua terra natal, num trabalho de escrita de argumento, desenvolvimento e produção com a comunidade local, revelando um importante caráter social que levou à criação de um centro de apoio para pessoas LGBTQI+. Ana Cabral confessa: “Absorvi o máximo, ganhei um sonho ou dois… talvez até uma paixão, e isso não tem preço.”

– Idade? 22 anos

– Naturalidade? São Miguel, Açores

– De que mais gosta na U.Porto?
A diversidade de pessoas.

– De que menos gosta na U.Porto?
Os cursos deviam ser mais práticos, são altamente teóricos. Acredito que é com “pôr as mãos na massa” que se aprende. É um problema do nosso sistema educativo no geral que acho que devíamos combater.

Apresentação da longa metragem “Lobo e Cão”. (Foto: DR)

– Uma ideia para melhorar a U.Porto?
Tornar tudo menos burocrático. Tornar os planos curriculares mais flexíveis ou personalizados.

– Como prefere passar os tempos livres?
Ver filmes, ouvir música, passear e ir tirando umas fotos às pessoas à minha volta.

– Música preferida?
É sempre difícil para mim escolher algo “preferido”, mas o álbum “Is that all there is?”, da Peggy Lee, é um dos que vou levar sempre comigo.

– Prato preferido?
Sushi!

– Um filme preferido?
Também não consigo escolher um filme preferido, mas deixo algumas sugestões: “A matter of life and death”, do Emeric Pressburger e do Michael Powell, e “Les glaneurs et la glaneuse”, da Agnés Varda.

– Uma viagem de sonho?
Os campos de arroz no Vietname.

– Um objetivo por concretizar?
Acaba por estar alinhado com o projeto de vida, ou seja, encontrar felicidade naquilo que faça e que, de algum forma, o que venha a fazer chegue a alguém (ou seja importante para alguém).

Cena de Ana Cabral em “Lobo e Cão”. (Foto: DR)

– Uma inspiração?
É, sem dúvida, a minha mãe. Foi ela a responsável pelo que sou hoje.

– Um projeto de vida?
Independentemente do que venha a fazer no futuro, que possa viver de algo que realmente goste de fazer.