Ricardo Rocha, investigador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO), da Universidade do Porto, acaba de ser distinguido com o European Early Career Conservation Award, atribuído pela Society for Conservation Biology (SCB). Este reconhecimento resulta do relevante contributo do jovem investigador para a conservação da natureza, bem como do seu incentivo a uma comunidade científica mais diversa.

Com uma carreira académica principalmente dedicada à ecologia tropical, Ricardo Rocha participou em importantes trabalhos científicos sobre o efeito da fragmentação da floresta Amazónica nas populações de morcegos e da expansão agrícola nas comunidades de aves e morcegos da ilha de Madagáscar. Ainda relacionado com Madagáscar, colaborou na análise da eficácia das áreas protegidas do país no combate à desflorestação.

“Num trabalho publicado em 2016, mostramos que apesar da continua extração ilegal de madeira em vários parques nacionais, as áreas protegidas em Madagáscar, são de uma forma geral, eficazes na redução da desflorestação no interior das suas fronteiras”, exemplifica o investigador do CIBIO-InBIO.

A sua preocupação com a promoção da diversidade na ciência e na conservação levou-o a integrar o comité para a Igualdade, Diversidade e Inclusão da Society for Conservation Biology. Para além disso, ajudou a implementar uma rede de investigadores pertencentes a minorias raciais e étnicas na Universidade de Cambridge.

“Ter conseguido este prémio é sem sombra de dúvidas uma mais-valia para o meu futuro profissional, mas é também um reflexo que a ciência e a conservação da natureza em Portugal e na Europa podem ser mais diversas”, refere Ricardo Rocha.

Atribuído bianualmente desde 2016 pela secção europeia da SCB, o European Early Career Conservation Award destina-se então a enaltecer o trabalho de jovens investigadores com contributos significativos para a conservação do património natural, quer seja através da investigação, da intervenção no terreno ou a nível da atuação política e educativa. Simultaneamente, visa inspirar uma nova geração de investigadores dedicados à salvaguarda da biodiversidade e à minimização dos impactos das alterações globais.

No CIBIO-InBIO desde setembro de 2019, Ricardo Rocha encontra-se a estudar a ecologia de morcegos no arquipélago da Madeira. (Foto: Adrià López-Baucells)

Sobre Ricardo Rocha

Doutorado (2017) em Biologia da Conservação pelas Universidades de Lisboa e de Helsínquia, Ricardo Rocha foi distinguido com o Prémio de Doutoramento em Ecologia Fundação Amadeu Dias, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Ecologia pelo seu trabalho desenvolvido na Amazónia Brasileira.

Entre 2017 e 2019 foi investigador de pós-doutoramento na Universidade de Cambridge, onde trabalhou num projeto que visa sintetizar informação relativa às melhores práticas de conservação de natureza a nível mundial.

No seu segundo pós-doutoramento, em desenvolvimento no CIBIO-InBIO desde setembro de 2019, encontra-se a estudar a ecologia de morcegos no arquipélago da Madeira e o seu papel no controlo que insetos nefastos para a agricultura.

Ao longo da sua ainda curta carreira, publicou mais de 40 artigos científicos, e tem tido um papel muito ativo nas áreas da sensibilização, educação ambiental e conservação da natureza, tendo participado em múltiplos projetos nacionais e internacionais.