Já pensou na “porosidade” da matemática? Vai pensar agora. No total serão três sessões, a decorrer na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto e sempre às 16h00. A primeira das três Tardes de Matemática organizadas pela Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) é já no dia 25 de março e terá como protagonista a investigadora Eurica Henriques (UTAD), que nos vem falar da Matemática e a 7.ª Arte.

As outras “descobertas”, pode, desde já, apontar na agenda: dia 17 de junho, Isabel Labouriau (FCUP) vai identificar os Padrões e Simetrias da matemática; já a 14 de outubro, Paulo Vasconcelos (FEP) coloca “em cima da mesa” O sistema eleitoral português: a matemática e a representatividade”.

Matemática e a Sétima Arte

Tendo o cinema, como “tela de fundo”, o que se propõe, no dia 25 de março é uma digressão por diversos contextos e estórias da esfera da matemática. Poderão ser problemas já estudados, ou meras curiosidades.

Eurica Henriques é investigadora do Centro de Matemática da Universidade do Minho (com polo na UTAD: Polo CMAT-UTAD), onde estuda equações diferenciais não lineares (com diversas aplicações à física e à biologia).

É também docente no Departamento de Matemática da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e tem dinamizado atividades de divulgação e promoção da matemática e participado em iniciativas de gestão científica da Matemática (como Unidades de Investigação, Sociedade Portuguesa da Matemática, ou a Comissão Nacional da Matemática).

Padrões e simetrias

Para Isabel Labouriau, que vamos conhecer no dia 17 de junho, é uma “fonte de grande alegria” fazer investigação nesta “encruzilhada” de áreas da matemática como a Geometria, Análise ou Álgebra. A investigadora da Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP) recorda-nos que os padrões, repetitivos e simétricos, podem aparecem em diferentes contextos. Pode ser em azulejos e tecidos, como também em peles de animais. Como é que olhamos para estes padrões? Formando simetrias. Numa perspetiva que pode gerar novos padrões.

Com formação em Matemática nas Universidades de Brasília (Brasil) e Warwick (GB), Isabel Labouriau trabalha a geometria de equações diferenciais (também chamadas sistemas dinâmicos), objetos abstratos de estudo ou aplicações à Biologia, em especial sobre impulso nervoso e formação de padrões.  Também recorre a simetrias quando trabalha em matemática pura.

O sistema eleitoral: a matemática e a representatividade

A ligação entre eleitores e representantes define a democracia representativa, mas a escolha dos representantes políticos não é uma simples consequência das decisões dos eleitores. Passamos a explicar: O Artigo 16º da Lei Eleitoral da Assembleia da República (AR) estabelece que a conversão dos votos em mandatos se faz de acordo com o método de representação proporcional de Hondt. No entanto, esta utilização é duplicada já que também é aplicado por círculo eleitoral, elegendo os representantes na AR proporcionalmente aos eleitores residentes em cada círculo. Ou seja, o método de Hondt é aplicado em cada círculo e os mandatos por círculo também são fixados pelo mesmo método em função da população. Os votos em cada partido não suficientes para eleger um mandato no respetivo círculo eleitoral são descartados, sendo que, em geral, são necessários mais votos para eleger um deputado de um círculo eleitoral com menos eleitores.

Dúvidas? Paulo Beleza de Vasconcelos adianta que basta fazer uma análise aos resultados eleitorais passados para ilustrar esta problemática”. Para a sessão do dia 14 de outubro, o docente da Faculdade de Economia da U.Porto (FEP) prometer trazer “simulações com outros métodos” para mostrar que “seria possível a construção de uma democracia mais representativa”.

Licenciado em Matemática Aplicada na FCUP e doutorado em Ciências da Engenharia na FEUP, Paulo Beleza de Vasconcelos tem artigos publicados em revistas e livros de circulação internacional com arbitragem científica.

É consultor da Direção do Centro de Matemática da U.Porto (onde faz investigação) para a Matemática Industrial. É membro da direção da Sociedade Portuguesa de matemática (SPM).

Em 2007, vence o Prémio Excelência em e-learning e, em 2015, o Prémio de Excelência Pedagógica, ambos atribuídos pela Universidade do Porto

Estas Tardes de Matemática são organizadas pela Delegação Regional Norte da Sociedade Portuguesa de Matemática.