Um novo livro – The Canary: Natural History, Science and Cultural Significance (“O Canário: História Natural, Ciência e Significado Cultural”) – reúne pela primeira vez o essencial do conhecimento gerado à volta do canário: a sua vida selvagem, a história e significado cultural da sua domesticação, a evolução e ecologia do canário e espécies aparentadas, e como esta ave tem contribuído para avanços científicos em áreas tão diversas como a neurobiologia, fisiologia e genética.
O livro, da autoria de Gonçalo Cardoso, Ricardo Jorge Lopes e Paulo Gama Mota, todos investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (BIOPOLIS-CIBIO) da Universidade do Porto, pretende tornar esse conhecimento acessível a um público abrangente, interessado em ciência e nos seus desenvolvimentos.
A obra dirige-se também a investigadores nas várias disciplinas que têm usado o canário ou outras aves como espécies modelo, e que se querem informar sobre o seu contexto de história natural, ecologia e evolução.
“É notável que, após séculos de domesticação e muitas décadas de investigação usando canários, nenhum livro tivesse ainda organizado esta informação” refere Gonçalo Cardoso. “Milhões de pessoas convivem com canários nas suas casas, e muitas quererão aventurar-se e perceber o que está sob a superfície. Há muito a descobrir, especialmente contrastando o aspeto e comportamento dos canários domésticos com os do canário selvagem nas Canárias, Madeira e Açores”, acrescenta o investigador.
Canário: um animal modelo
A domesticação do canário, a partir das ilhas Canárias, deu origem a uma diversidade de raças domésticas, com canto, forma e cor diversificados, que hoje existem por todo o mundo. Como resultado desta domesticação, o canário também se tornou um animal modelo no estudo da fisiologia da reprodução, da genética da coloração, e do desenvolvimento e neurobiologia do canto, contribuindo assim para desvendar até aspetos do desenvolvimento da linguagem humana.
“Nos capítulos finais do livro olhamos para áreas científicas onde o canário tem sido um modelo laboratorial muito útil e vemos que, devido à sua diversidade de variedades domésticas, continuará a ser um modelo importante para investigação futura. Portanto, o livro não só celebra como o canário tem ajudado a ciência, mas também antevê como o continuará a fazer” refere Ricardo Jorge Lopes, que é também editor e curador da coleção de ornitologia do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP).
Paulo Gama Mota, também professor de comportamento animal e evolução no Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra, destaca por sua vez que “este livro foi motivado pela experiência de investigação em comportamento, evolução, genética e conservação de canários e espécies aparentadas, que nós e colegas no BIOPOLIS-CIBIO temos tido desde há vários anos”.
O livro contou ainda com contributos de autores de Portugal, Espanha, França, Alemanha, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos.
A obra foi publicado pela Academic Press no final de novembro, e já está disponível online e em livrarias de especialidade.