Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço descobriu seis exoplanetas que, em perfeita harmonia, orbitam em torno de uma estrela. Os resultados estão publicados na mais recente edição da prestigiada revista Nature. 

O estudo surge no âmbito da missão CHEOPS (o acrónimo de Characterising Exoplanet Satellite, ou Satélite de Caracterização de Exoplanetas), a primeira missão da Agência Espacial Europeia (ESA) exclusivamente dedicada ao estudo de planetas fora do nosso sistema solar.

“O que é “interessante” neste sistema específico é que inclui seis planetas — “um número particularmente elevado” —, “todos eles relativamente pequenos”. Ou seja, estes planetas são “um bocadinho maiores” do que a Terra, mas todos eles ligeiramente mais pequenos do que Neptuno — este último tem cerca de 18 vezes a massa da Terra”, conta Nuno Cardoso Santos, docente da FCUP e investigador do IA/U.Porto, em entrevista ao jornal Público.

De acordo com um comunicado da Agência Espacial Europeia, trata-se de um “sistema estelar raro com seis exoplanetas” que orbitam a HD110067, uma estrela brilhante que se encontra a cerca de 100 anos-luz de distância, na constelação Cabeleira de Berenice (Comae Berenices, em latim)​. A agência revela mesmo que HD110067 é a estrela mais brilhante encontrada até à data a albergar quatro ou mais exoplanetas.

Este sistema raro tem também como característica o facto de ser muito “organizado”, com os planetas a exercer “forças regulares uns sobre os outros à medida que orbitam a estrela”, o que sugere que este sistema se mantém “inalterado” desde que se formou, há pelo menos quatro mil milhões de anos.

Sérgio Sousa, Susana Barros e Nuno Cardoso Santos são três dos investigadores da U.Porto envolvidos na descoberta. (Foto: Egidio Santos/U.Porto)

Ainda ao jornal Público, Nuno Cardoso Santos, explicou também que estas informações reveladas no estudo ajudam a compreender como é que os “sistemas planetários se formam, quais são os processos físicos que estão por trás e como é que as órbitas dos planetas se vão organizar à medida que eles se vão formando”.

“Há muitas questões em aberto. No fundo, dá-nos indicações importantes sobre os processos de formação planetária”, acrescenta o docente e investigador da U.Porto.

Para além de Nuno Cardoso Santos, são também autores de estudo Vardan Adibekyan, Susana Barros, Olivier Demangeon e Sérgio Sousa, investigadores do IA com ligação ao Departamento de Física e Astronomia da FCUP.