Os investigadores da U.Porto, Carlos Vila-Viçosa e Cátia Figueiredo,  estão entre os vencedores do Prémio de Doutoramento em Ecologia 2023 – Fundação Amadeu Dias, organizado pela SPECO – Sociedade Portuguesa de Ecologia.

Estes prémios, atribuídos desde 2017, pretendem “valorizar o trabalho desenvolvido por recém-doutorados ao longo do seu programa doutoral” na área da Ecologia, explicam os organizadores.

Carlos Vila-Viçosa, doutorado em Biodiversidade, Genética e Evolução pela FCUP e investigador no CIBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos) ganhou o segundo prémio com o seu trabalho sobre a taxonomia e a ecologia das espécies de carvalhos nativas em Portugal.

Este investigador debruçou-se sobre um dos géneros mais diversos e importantes que dominam as florestas do Hemisfério Norte, os carvalhos (do género Quercus). Em particular, estudou as espécies de carvalhos caduco-marcescentes da Península Ibérica, a sua capacidade de hibridação, aumentando o conhecimento sobre a diversidade de espécies.

“A inovação deste trabalho holístico de ecologia abrangeu o estudo taxonómico, evolutivo, biogeográfico e molecular deste género o que permitiu desvendar a filogenia dos carvalhos e a dinâmica de distribuição das espécies, tanto no passado como no futuro”, salientam os organizadores.

“Os resultados evidenciaram a Península Ibérica como um hotspot para a diversidade do género, identificaram novas espécies de Quercus, permitiram melhorar o conhecimento sobre as respostas destas plantas arbóreas a mudanças nos regimes climáticos e a antecipar estratégias de conservação destas espécies e das suas florestas.”

Cátia Figueiredo, investigadora no CIIMAR (Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental) da Universidade do Porto, conquistou o terceiro prémio. A investigadora usou abordagens bioquímicas para investigar a bioacumulação, eliminação e interacção de elementos de terras raras (REE, do inglês rare earth elements) em vários grupos marinhos (esponjas, peixes, bivalves e algas).

“A disponibilidade deste tipo de elementos associados às alterações climáticas é um desafio ambiental com consequências ainda pouco conhecidas. Os resultados evidenciaram um potencial ecotoxicológico de REE nas espécies dos grupos estudados, com respostas específicas por espécie, por elemento e por dose, sugerindo que a acumulação de REE e as respostas ecotoxicológicas num futuro próximo é excecionalmente complexo de compreender. Por outro lado, a acumulação de REE e os efeitos tóxicos podem ser exacerbados pelas mudanças climáticas, impondo consequências nocivas às espécies. Os dados desta tese podem, assim, ser basilares para o processo de tomada de decisões políticas sobre estas problemáticas emergentes.”

Na edição de 2023, o júri recebeu 13 candidaturas elegíveis, de doutorados com teses defendidas nas Universidades de Aveiro, Coimbra, Fernando Pessoa, ISPA, Lisboa e Porto. Estas foram avaliadas tendo em conta “critérios como a inovação do conhecimento para a Ciência, o interesse e originalidade do trabalho e o currículo dos candidatos”. O primeiro lugar foi atribuído à investigadora Filipa Soares, recém-doutorada pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Os três primeiros classificados irão apresentar o seu trabalho e receber o prémio no 22.º Encontro Nacional de Ecologia que, em 2023, irá decorrer de 23 a 25 de novembro, na Universidade do Algarve. Os prémios têm um valor pecuniário de 3.000, 2.000 e 1.000 euros, respetivamente, e os três investigadores distinguidos têm ainda um bónus de dois anos com quotas pagas na SPECO – Sociedade Portuguesa de Ecologia.