Vai tocar-se violino, como se da poesia se soltassem notas musicais. Vamos dançar porque as palavras em geral e a poesia em particular também nos embalam e vamos… Sim, vai ler corretamente: andar de bicicleta. Andar de bicicleta porque o poema tem sonoridades que nos impelem ao movimento e à viagem. Aconselha-se, por isso, que os sentidos venham bem alerta para a sessão homenagem ao poeta Albano Martins que acontece, a partir das 18h30, dia 27 de junho, na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto.

No passado dia 5 de junho, o calendário fixou uma data. Tinham decorrido cinco anos sobre a morte do poeta Albano Martins. É nesta sequência que a Associação Poeta Albano Martins (APAM), em colaboração com a Reitoria da U.Porto, lhe vem prestar homenagem.

Abraçado o desafio da música, da dança e do pedalar, a sinopse sublinha que “O corpo também pensa: o pensamento também é corpo”. Daí que “quando gostamos de Poesia, o corpo gosta, balança e dança”. E o convite não poderia ser mais direto: “Vamos sentir o corpo dançar com a poesia de Albano Martins (1930-2018)”

Tocar violino, dançar e andar de bicicleta

Vamos, então, ao “plano de festas”. Noa vai tocar violino como se a poesia falasse. Cantora, compositora, violinista, professora e autora de livros infantis, Noa utiliza a música e “as belas letras” como forma de ser e estar no mundo.

Cláudia Eiras vai dançar ao som dos poemas. Com licenciatura em Dança e mestrado em Educação no Ensino na Escola Superior de Dança, Claudia Eiras tem particular nas áreas da Dança Clássica, Contemporânea e Composição Coreográfica.

Luísa Malato vai ler poemas e andar de bicicleta. Professora de Teatro, Estética e Retórica na Faculdade de Letras da U.Porto, Luísa Malato é também investigadora do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa.

Sobre Albano Martins

Nasceu em 1930 na aldeia do Telhado, concelho do Fundão, distrito de Castelo Branco. Licenciou-se em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e publicou o seu primeiro livro, Secura Verde, em 1950.

Tem uma vasta obra, três vezes reunida em volume. A última delas, intitulada As Escarpas do Dia, inclui 36 títulos de poesia, sete de prosa – crónica e ensaio – quatro de literatura infantojuvenil, 26 de tradução de poetas latinos, gregos do período clássico, espanhóis, franceses, italianos e sul-americanos.

A tradução de Canto General, de Pablo Neruda, valeu-lhe, em 1999, o Grande Prémio de Tradução da Associação Portuguesa de Tradutores. A mesma tradução e a de outras seis obras do mesmo poeta levou o governo da República do Chile a conferir-lhe, em 2006, a Ordem de Mérito Docente e Cultural Gabriela Mistral, no grau de grande oficial.

Em 2008, Albano Martins foi distinguido pelo Presidente da República com a Ordem do Infante D. Henrique, no grau de grande oficial, além de  outras distinções e homenagens que por entidades públicas e privadas ao longo dos anos lhe têm sido conferidas, como foi o caso da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, que o agraciou, em 2015, com a Chave de Ouro da Cidade.

Tem poemas traduzidos em espanhol, francês, italiano, inglês, esloveno, catalão, chinês (cantonense) e japonês. No Brasil, a sua obra tem sido objeto de dissertações de mestrado e doutoramento e, em 2000, lhe foi conferido pela Universidade S. Marcos o título de Doutor Honoris Causa. Ainda no Brasil, viu publicadas duas antologias: Antologia Poética, 2000, e Ofício e Morada, 2012.

Em Itália, já saíram duas coletâneas poéticas: Scritto in rosso (2010) e 27 Poesie (2018). Em 2021, a Editora Glaciar, lança nova obra de poesia, Por Ti eu daria.