A Universidade do Porto, em parceria com a Fundação Amazónia Sustentável (FAZ), o Instituto Amigos da Amazónia (iAMA), a Universidade Nilton Lins, de Manaus e o FESTin, promove, de 12 a 15 de dezembro, mais uma edição da Semana da Amazónia .

Com curadoria do brasileiro Alexei Waichenberg, jornalista de formação e marchand de artes visuais, vamos ter três dias de uma programação muito especial. Dias 12, 13 e 14 de dezembro, na Casa Comum (à Reitoria) da U.Porto, há longas-metragens sobre o tema Amazónia – Ciclo Amazónia – numa extensão do FESTin, maior Festival de Cinema itinerante de língua portuguesa.

É uma reflexão que se enraíza por áreas e desafios tão diversas que só poderia ter uma abordagem transdisciplinar. Falamos de problemas de sustentabilidade, do ambiente e da situação social das populações ribeirinhas da Amazónia profunda, que abarca os nove países que compõem a Bacia Amazónica. Muitos ângulos de um caleidoscópio tão fundamental quanto complexo que é a maior floresta tropical do mundo. São seis milhões de quilômetros quadrados com mais de metade da biodiversidade do planeta. Em 19 de dezembro de 2007 foi instituído no calendário mundial o dia da Amazónia. Passaram 15 anos e com eles, dados do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, quase 200.000 quilómetros quadrados da área foi desmatada.

Vamos aos filmes!

O Ciclo Amazónia arranca a 12 de dezembro com a exibição de Sou Moderno, Sou Índio. O documentário do realizador Carlos Eduardo Magalhães vai lançar as sementes de uma discussão sobre a identidade indígena e personagens altamente ligados à tecnologia.

Movimentam-se nesta “trama dramática” personagens urbanas familiarizados com as novas tecnologias, estando, em simultâneo, intimamente ligados às suas origens, ao seu povo e sua cultura. “O índio autêntico pode ser aquele novo que busca sua ancestralidade, ou os míticos que habitam as aldeias, que sabem preservar o meio ambiente, são sábios e poderosos em suas crenças”, diz-nos a sinopse. A perspetiva que se seleciona é a da “riqueza cultural desses grupos”

Pormenor de “Mata”.

Dia 13 de dezembro vamos ficar Eu Nativo. O documentário de Ulisses Rocha, aproxima-nos da vida nas tribos Kayapó, Potiguara, Tabajara, Fulni-ô e Pankararu, localizadas no norte e nordeste do Brasil. Prepare-se para se deslumbrar com as paisagens onde se inserem as aldeias onde vivem estas etnias, sendo que nem tudo é deslumbramento. Os depoimentos como denunciam o preconceito racial e a discriminação por parte da sociedade que não é indígena. É um registo raro sobre as emoções e tristezas desta comunidade.

Por fim, a 14 de dezembro, Mata, de Ingrid Fadnes e Fabio Nascimento, vai chamar a atenção para o impacto da monocultura no meio ambiente, em contraste com aquelas que são as formas de vida tradicionais. Face ao avanço das plantações de eucalipto, os agricultores e as comunidades indígenas assumem uma posição de resistência e denuncia do impacto da monocultura no meio ambiente.

Para não enganar, as sessões são sempre às 18h00, no Auditório da Casa Comum da U.Porto, e têm entrada livre.

Uma bênção que é maldição

Mas nem só de cinema se fará a Semana da Amazónia no Porto. No dia 15 de dezembro, rumamos em direção à Rua do Campo Alegre para conhecer As duas faces da Amazónia.

É uma exposição para conhecer na Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP), até 15 de janeiro de 2023, e que nos pretende colocar perante as duas faces da moeda: A Amazónia ameaçada e degradada pelo desmatamento e a exploração desordenada e a Amazónia exuberante, com uma fauna e flora tão impressionantes quanto irrepetíveis. É um projeto da arquiteta brasileira Betina Lorenzetti e lança mão de alguns recursos sensoriais, apresenta material audiovisual, mas não só.

O momento de abertura vai contar ainda com a participação musical da compositora e cantora baiana Carla Visi, com uma breve palestra de ecologia e sustentabilidade musicada.

A entrada é livre.