Dos 249 pedidos de patente europeia realizados, em 2020, por instituições portuguesas, pelo menos 23 – cerca de 10% – tiveram origem na Universidade do Porto ou nos seus Institutos Associados. Os dados constam do último relatório anual publicado pelo European Patent Office (EPO) e confirmam, pelo terceiro ano consecutivo, o estatuto da U.Porto enquanto universidade portuguesa que mais patentes submete junto do EPO, bem como um dos maiores motores de inovação em Portugal.
Dos 23 pedidos de patente submetidos (mais seis do que em 2019), cinco referem-se a invenções desenvolvidas por investigadores das faculdades da U.Porto. Duas tiveram origem no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), ao passo que as restantes três distribuem-se pela Faculdade de Ciências (FCUP), Faculdade de Engenharia (FEUP) e Faculdade de Farmácia (FFUP).
Geridas pela U.Porto Inovação, estas cinco invenções incluem uma solução para melhorar o modo de preservação dos espermatozoides e, assim, trazer uma nova esperança no combate à infertilidade; uma forma de tratamento para lesões em cavalos de corrida baseada em células estaminais; moléculas auto ativadas que, através da luz, conseguem localizar células cancerígenas em qualquer parte do corpo; um método de obtenção, a partir do bagaço de azeitona, de um ingrediente com propriedades funcionais e que que pode ser utilizado no desenvolvimento de novos produtos e um processo de separação e purificação de derivados de glicerol em produtos químicos de valor acrescentado.
No que toca aos pedidos de patente realizados pelos Institutos Associados da U.Porto, o destaque vai para o INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência, responsável por 12 submissões de patente relacionadas com tecnologias médicas de apoio ao diagnóstico, telecomunicações, cibersegurança e instrumentação.
As outras seis patentes com o selo da U.Porto foram submetidas pelo Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), com quatro pedidos, e pelos Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP) e Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) com um pedido cada.
No i3S as tecnologias com um pedido de patente ativo na Europa incluem uma nova terapia para as lesões da medula espinhal, um meio de diagnóstico de tumores mais sensíveis à imunoterapia e também um revestimento para dispositivos médicos mais resistentes à infeção hospitalar. Sendo todas na área da saúde – na qual o tempo de vida dos projetos, desde a ideia à entrada no mercado, é longa e complexa, a proteção da propriedade intelectual a nível internacional é muito importante, tendo em conta os mercados-alvo.
Já o INEGI submeteu, junto do EPO, uma invenção destinada a melhorar a impregnação de fibras de sistemas compósitos, em particular nos processos de enrolamento filamentar e pultrusão. E o CIIMAR uma solução inovadora para o processamento de algas, através de moagem e lise enzimática, que proporciona a obtenção de protoplastos com alta digestibilidade para uso como ingrediente ou alimento na dieta humana ou animal.
Universidades dominam em Portugal
Segundo os dados agora divulgados pelo EPO, a subida de patentes europeias “made in U.Porto” surge em contraciclo com o decréscimo no registo de patente provenientes de instituições portugueses (249 em 2020 face às 272 submetidas em 2019).
Entre as instituições nacionais com mais pedidos de patentes europeias, a Universidade do Minho é aquela que regista mais pedidos de patente (20) a título individual. Seguem-se-se a A4TEC – Associação para o Progresso da Engenharia de Tecidos e Tecnologias e Terapias de Base Celular com 14 pedidos de patente, o INESC TEC com 12 pedidos e ainda a empresa tecnológica Saronikos Trading and Services e a Universidade de Évora, ambas com sete pedidos submetidos.
No que diz respeito aos países que mais pedidos apresentaram em 2020, a lista do EPO é liderada pelos Estados Unidos com mais de 25% dos pedidos. Seguem-se a Alemanha, e o Japão, que mantêm os lugares do ano anterior. Já no que toca a empresas, também se repetem as três líderes de 2019: a Samsung surge no topo da tabela com mais de 3200 pedidos de patente, seguida da Huawei e da LG com mais de 2900 pedidos cada.
De uma forma geral, 2020 representou uma quebra geral nos pedidos de patente. As áreas da saúde e tecnologias médicas foram as que originaram mais pedidos.
U.Porto continua a liderar na inovação
O Relatório Anual do Instituto Europeu de Patentes 2020 reflete, assim, o que foi mais um ano de expansão da propriedade intelectual da Universidade do Porto apesar do contexto atípico da pandemia. No ano passado, chegaram à U.Porto Inovação 42 novas comunicações de invenção, número que não se atingia desde 2012.
Além da Europa, foram submetidos pedidos de patente noutros territórios internacionais tais como Estados Unidos, Austrália, Brasil e, pela primeira vez, Israel, num total de 39 submissões.
Já no que toca a concessões, foram duas as patentes concedidas em Portugal e oito internacionais: três em território europeu, duas nos Estados Unidos, uma no Brasil e duas no Japão. No final de 2020, o portfolio de patentes da U.Porto concedidas totalizava 271, sendo 65 nacionais e 104 internacionais.
Tendo em conta todas as novas patentes submetidas, mas também as que foram caindo ao longo do ano, a U.Porto terminou 2019 com 382 patentes e pedidos de patente ativos no seu portfolio.