O projeto Fetalix, desenvolvido por investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, e que se propõe a desenvolver um biomaterial injetável para regenerar o disco intervertebral e tratar a dor lombar, é o vencedor da edição deste ano do programa de apoio à inovação do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT) – “EIT Jumpstarter 2020” – na categoria de Saúde.

Este programa pré-acelerador de empresas contou com a participação de 120 equipas europeias, sendo que 36 foram selecionadas para a final, que decorreu no final de novembro.

A proposta da equipa portuguesa, constituída pelas investigadoras Joana Caldeira, Morena Fiordalisi e Raquel Gonçalves, do grupo «Microenvironments for New Therapies», e por Hugo Prazeres, do «Gabinete de Transferência de Conhecimento» do i3S, foi reconhecida como uma das seis melhores da Europa em fase inicial de desenvolvimento, tendo conquistado o primeiro lugar na área da Saúde e um prémio de 10 mil euros.

Um biomaterial com “propriedades regenerativas únicas”

A participação no EIT Jumpstarter 2020 já deu origem a uma nova startup nascida no i3S. Como explica Joana Caldeira, o projeto Fetalix “representa uma spin-off nascida de uma linha de investigação do grupo Microenvironments for New Therapies, liderada pelo Professor Mário Barbosa, que assume uma posição de destaque como consultor científico da empresa”.

No âmbito da Fetalix, “desenvolvemos a primeira solução regenerativa inspirada num biomaterial fetal”, descreve a investigadora. O objetivo, acrescenta Raquel Gonçalves, “é eliminar a necessidade de procedimentos cirúrgicos invasivos a pacientes com dor lombar, numa fase em que a degeneração do disco intervertebral ainda não esteja muito avançada”.

Este biomaterial, acrescenta a equipa, “apresenta propriedades regenerativas únicas” e a sua produção, asseguram as investigadoras, “é simples, segura, acessível e passível de ser escalonável”. Como se trata de um material injetável, poderá ser utilizado por veterinários e cirurgiões ortopédicos, o que permitirá reduzir imensamente o tempo de intervenção cirúrgica e o tempo de internamento.

Nova esperança contra a dor lombar

Apesar de não ser mortal, a dor lombar tem um grande impacto socioeconómico, constituindo a principal causa de incapacidade em Portugal e principal responsável pela perda de anos de vida útil.

Este tipo de dor é frequentemente causada pela degeneração do disco intervertebral que ocorre com o envelhecimento.

As opções de tratamento existentes passam por medicamentos para controlar a dor ou por cirurgias bastante invasivas, mas, em grande parte dos casos, não apresentam soluções a longo prazo.