Doutorado em Engenharia Civil, Manuel Parente prossegue agora o seu percurso profissional na área de Engenharia Industrial do INESC TEC. As vantagens em aplicar as técnicas de otimização da engenharia industrial a processos de engenharia civil trouxeram-no até aqui. “Tendo em conta que a resolução de muitos problemas atuais só é possível através de multidisciplinariedade, optei por continuar o meu percurso profissional neste sentido”, explica.

Esta opção profissional fê-lo também mudar de cidade, de Braga para o Porto, e de instituição de acolhimento, da U.Minho para a U.Porto e para o INESC TEC, escolha na qual pesou o “prestígio destas instituições na área da otimização de processos e à possibilidade de fazer parte de projetos inovadores”.

A aplicação de técnicas de ótimização no seu trabalho Intelligent Earthworks Optimization System, onde aborda a integração de tecnologias de soft computing, como metaheurísticas e machine learning, e sistemas de informação geográfica visando a otimização multiobjetivo de tarefas de terraplenagem em obras rodoviárias e ferroviárias, já lhe valeu um prémio.

A Sociedade Portuguesa de Geotecnia atribui-lhe recentemente o Prémio Jovens Geotécnicos e, com isso, a possibilidade de representar Portugal na próxima Conferência Internacional de Jovens Engenheiros Geotécnicos, algo que encara como “uma mais-valia, quer em termos pessoas, quer em termos profissionais, uma vez que valida e atesta a qualidade da investigação realizada ao longo doutoramento”, afirma.

Naturalidade? Braga.

Idade? 31 anos.

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

A autonomia e confiança dada aos investigadores tanto da U,Porto como do INESC TEC, uma vez que permite o ajuste pessoal do investigador às condições que garantam a sua produtividade máxima.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Da instabilidade associada ao funcionamento dos sistemas de comunicação (e.g. Wifi eduroam, portais das instituições), que por vezes acaba por representar uma limitação ao trabalho e à liberdade do investigador.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto? 

Potenciar e fomentar os espaços abertos que temos disponíveis como zonas de trabalho alternativas. Para mim, é essencial que haja alternativas à rotina de trabalhar sempre no mesmo local, especialmente se forem locais fechados.

– Como prefere passar os tempos livres?

A explorar o mundo e a natureza; a praticar desporto, especialmente artes marciais.

– Um livro preferido?

São imensos, mas vou deixar menção a um dos últimos que me proporcionou muito prazer na leitura: Mark Rowlands, The Philosopher and the Wolf.

– Um filme preferido?

Into the Wild, realizado por Sean Penn (com especial menção à banda sonora por Eddie Vedder!)

– Um disco/músico preferido?

Como já mencionei a banda sonora do Into the Wild, por Eddie Vedder, sugiro “Battle of Los Angeles”, dos Rage Against the Machine como alternativa.

– Um prato preferido?

Nada bate um bom naco de carne!

– Uma viagem de sonho?

A Rota da Seda pelos Himalaias… a pé. Por realizar, mas não por muito tempo!

– Um objetivo de vida?

Evolução contínua. Ultrapassar limites.

– Uma inspiração?

Miyamoto Musashi, pela visão e inovação tanto nas artes marciais como na reflexão filosófica.

– Em que contexto é que o seu trabalho que venceu o Prémio Jovens Geotécnicos pode ter aplicação prática?

Para além da sua contribuição para o “progresso dos conhecimentos técnicos e científicos na área da Geotecnia”, o sistema desenvolvido visa auxiliar a tomada de decisão dos engenheiros no dia-a-dia, tanto na fase de planeamento como nas fases de construção de obras que incluam tarefas de terraplenagens. Uma vez que é capaz de otimizar todos os recursos associados a estas tarefas tendo em conta a minimização de vários fatores em simultâneo, representa também um meio de potenciar a competitividade das empresas portuguesas, especialmente no contexto internacional.