Terá sido muito provavelmente com vista para os mares do Porto, onde nasceu e (quase) sempre viveu, que Isabel Sousa Pinto traçou o seu objetivo de vida: “Dar o  meu contributo para melhorar a sustentabilidade da nossa sociedade e do planeta”, diz.  Promove-a diariarmente como professora da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e investigadora do CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da U.Porto.  Mas fá-lo também ocupando cargos de destaque em várias estruturas internacionais ligadas à defesa e proteção ambiental. Foi no quadro dessa “luta” que foi recentemente nomeada para representar Portugal na IPBES – Plataforma Intergovernamental para a Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas, uma estrutura criada no âmbito das Nações Unidas (ONU) e que tem como objetivo produzir e analisar informação que apoie a decisão política e legislativa nas áreas ligadas à biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas que assentam na sua preservação.

Nesta plataforma “pensada para suprir uma lacuna importante ao nível da preservação ambiental, a investigadora da U.Porto terá a responsabilidade de representar os interesses de Portugal. Para isso,” terei que levar as preocupações portuguesas em termos de quais são os problemas mais urgentes, que necessitam de informação, e negociar com os outros países quais são as questões que vão ser tratadas (programa de trabalhos), como é que devem ser  tratados, e também como selecionar os especialistas etc.”, explica.

Licenciada em Biologia pela FCUP e doutorada pela Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, EUA (1994), Isabel Sousa Pinto é Professora Associada do Departamento de Biologia da FCUP e Diretora do Laboratório de Biodiversidade Costeira do CIIMAR. Com um percurso científico reconhecido internacionalmente em áreas como a  biodiversidade marinha, a  biologia ou a ecofisiologia, tem-se também dedicado à criação de plataformas com investigadores e gestores/políticos para promover investigação relevante para a gestão e conservação da biodiversidade (casos da IPBES ou da ou da EPBRS – European Platform for Biodiversity Research Strategy). Entre os cargos que ocupa/ocupou destacam-se ainda os de Perita externa da Comissão Europeia (DG Investigação) para avaliação de projectos de Investigação nos 5º, 6º e 7º Programas Quadro de Investigação Europeia e coordenadora da Rede de Biodiversidade Marinha e Ambiental, que fundou em 2007.

De que mais gosta na Universidade do Porto?

Ser uma Universidade grande com muitas áreas de saber e solidamente implantada na cidade, no país e no mundo.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Ser uma Universidade dispersa em que é difícil encontrar as pessoas de outras áreas e ter alguma inércia tornando difícil a inovação de procedimentos e de criação de coisas novas.

Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Haver mais atividades que juntem as pessoas, especialmente as que trabalham na Universidade. Seria também desejável haver uma maior colaboração com e uma maior intervenção na Cidade e na Região para ser mais visível o que fazemos e para ser mais percetível para os cidadãos os recursos que possuimos em termos de saber e património.

– Como prefere passar os tempos livres?

Viajar, ler e estar com amigos e família

– Um livro preferido?

Depende da altura mas gostei muito de ler por exemplo o “Germs, Steel and Guns” do Jared Diamond quando saiu.

– Um músico / disco preferido?

Gosto de muitos géneros musicais, por isso é difícil. Gosto muito de várias épocas de música clássica e de Jazz

– Um prato preferido?

Não há um. Tenho vindo a descobrir a cozinha vegetariana e gosto muito embora goste também muito de peixe grelhado. Gosto de sushi e de outros pratos com algas e gostava de ter mais as algas na alimentação.

– Um filme preferido?

Não tenho. Mas gosto de comédias inteligentes (ex Wody Allen) e filmes que façam pensar. Mas detesto filmes de terror e muito violentos….

– Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?

Muitas ainda por realizar. As minhas favoritas seriam para ver animais e paisagens que gosto como os gorilas e os pandas no seu ambiente natural (já vi muitos outros), a floresta amazónica e o pantanal, mas também gostava por exemplo de ir ao Peru ver o Machu Picchu….

– Um objetivo de vida?

Dar o  meu contributo para melhorar a sustentabilidade da nossa sociedade e do planeta. Mais concretamente fazer com que o conhecimento que temos (a sociedade no seu todo) dos problemas e de soluções seja utilizado da melhor forma pelos políticos e gestores.

– Uma inspiração?

Nelson Mandela – conseguiu trabalhar com aqueles que lhe arruinaram a vida, para construir um bem maior – uma sociedade melhor para a África do Sul. Há com certeza outros mas este é um exemplo conhecido de ultrapassagem de questões pessoais em prol do bem comum.

– Uma ideia para promover a investigação da U.Porto a nível internacional?

Continuar o que está a ser feito por muitos colegas, mas criar a nível da Universidade, alguns mecanismos de incentivo para áreas estratégicas em que ainda podemos fazer mais, e para países/regiões que podem interessar para o futuro (ex: Ásia), e que não são ainda uma das prioridades dos investigadores de muitas áreas. Para isso é preciso um esforço conjunto da Universidade e dos investigadores para arranjar os contactos e o financiamento necessário para lançar essas colaborações de uma forma sólida.