“Porque comemos o que comemos? E porque comemos como comemos?”. Foram estas as questões que lançaram o mote do curso “Tradição como ferramenta para a inovação culinária”, um dos primeiros BIP’s (Blended Intensive Programme) organizado e promovido pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP), apoiado no âmbito do Programa ERASMUS+.

A iniciativa internacional contou com a participação de estudantes provenientes de três universidades – Ghent University (Bélgica), University of Life Sciences in Lublin e Warsaw College of Engineering and Health (ambas na Polônia), com 6 nacionalidades diferentes. Para além da participação de docentes daquela universidade belga, a componente letiva contou também com a lecionação de docentes da Universidade de Vigo (Espanha), e procurou criar uma ponte entre a culinária portuguesa e os contextos internacionais culturais e acadêmicos dos estudantes.

Através do cruzamento de informações e de perspetivas de trabalho, foi possível promover as condições necessárias para a transferência de conhecimento entre os planos científicos e popular e, assim, desenvolver novas abordagens à cozinha portuguesa e encontrar espaço para a divulgação da mesma.

“O nosso património culinário nasce dos recursos naturais que existem no contexto que nos envolve – seja nas nossas práticas agrícolas, seja das relações comerciais a que temos acesso.”, explica Duarte Torres, subdiretor da FCNAUP e coordenador da iniciativa. “Trata-se, portanto, de uma fonte inesgotável de ensinamentos sobre os alimentos a consumir em cada ocasião, sobre a maneira de os transformar e combinar, sobre o valor social das refeições”, acrescenta.

O curso permitiu, assim, criar significado sobre a utilização de alimentos e refeições. Além da introdução aos conceitos de tradição, inovação e análise cultural, o programa contou, também, com uma análise social da alimentação que contou também com um estudo de campo onde incluímos discussões e análises. A visita ao mercado municipal da cidade do Porto, o Mercado do Bolhão, foi um dos pontos de paragem, permitindo aos estudantes explorarem o processo de interação comercial que tanto influencia a gastronomia.