Ao contrário de grande parte dos mais de 4000 colegas que iniciam por estes dias a aventura de estudar na Universidade do Porto, a Adriana, a Beatriz, a Catarina, o João M., o João P., o José e o Pedro não precisaram de roer as unhas no dia em que foram anunciados os resultados da 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior 2022/2023. Com uma nota de candidatura de 20 valores, todos sabiam à partida o caminho que iam percorrer nos próximos anos. E que a melhor universidade portuguesa estaria no centro dele…

Requisitos para atingir a “perfeição”? Ser do Norte é o primeiro que parece saltar à vista… Ter 18 anos também ajuda. Mas o retrato forçado do maior contingente de sempre de “novas 20” da U.Porto fica-se por aí. Entre os “sete magníficos” deste ano há futuros artistas, cientistas, gestores e engenheiros. Há também escuteiros, desportistas, músicos e surfistas. Afinal, dizem-nos que não há um só caminho para o sucesso. Muito menos uma “fórmula mágica”. Lição número um: “Alcançar bons resultados exige o traçar de um caminho muito próprio”, ditam.

No caso de Adriana Strantzalis, foi “a junção perfeita do útil ao agradável” que a levou a candidatar-se ao Mestrado Integrado em Arquitetura da Faculdade de Arquitetura (FAUP). Útil pela proximidade a casa, em Vila Nova de Gaia. Agradável porque, “quando o curso de Arquitetura começou a surgir entre as minhas opções, soube de imediato que a FAUP seria “A faculdade”.

Para trás ficam os três anos passados no Colégio das Terras de Santa Maria, onde a futura arquitetura completou o ensino secundário com distinção. “Trata-se, essencialmente, de um trabalho contínuo e diário que, associado à organização, a uma eficiente gestão de tempo e à persistência, resulta na conquista destes grandes objetivos. Ao empenho junta-se ainda o apoio da família, dos dedicados professores e , claro, dos amigos”, revela. Contas feitas, “para alcançar estes resultados é importante levar todo o percurso de uma forma equilibrada e com metas traçadas”.

Uma receita que Adriana promete continuar a seguir na Universidade, mesmo numa fase inicial em que “a ansiedade e o nervosismo” são os sentimentos dominantes. “No entanto, estou pronta para encarar todos os desafios que me esperam e abraçar com determinação esta nova etapa da minha vida”.

Adriana Strantzalis. (Foto: U.Porto)

“É fundamental encontrarmos aquilo que nos apaixona”

Entusiasmo é também a palavra que melhor define o estado de espírito de Beatriz Silva desde que entrou na licenciatura em Direito da Faculdade de Direito da U.Porto (FDUP). Ainda assim, confessa, “tento não criar demasiadas expectativas nem colocar demasiada pressão sobre mim mesma. Quero deixar este percurso fluir naturalmente”.

Afinal, foi com essa postura que esta vila condense de desenhou um percurso “imaculado” na Escola Secundária D. Afonso Sanches. O segredo? “É fundamental percebermos o que funciona para nós a nível da metodologia de estudo, equilibrarmos o nosso tempo entre horas para estudar e horas de lazer e encontrarmos aquilo que nos apaixona. Quando a aprendizagem deixar de ser um trabalho para passar a ser um prazer obter um 20 naquele teste ou naquele exame será natural e até fácil”, vaticina.

É essa paixão que Beatriz espera viver agora “numa das melhores universidades do país”. Para o percurso que está a iniciar na Universidade, a jovem escuteira assume o desejo de ” aprofundar o meu saber na área de Direito” e, de caminho, “desenvolver competências múltiplas que contribuam para a construção da minha identidade”.

Beatriz Silva. (Foto: U.Porto)

“Sempre senti a necessidade de dar o meu melhor”

É igualmente de Vila do Conde, mas com passagem pela Escola Artística de Soares dos Reis, onde fez o secundário, que chega uma das mais recentes aquisições da licenciatura em Artes Plásticas da Faculdade de Belas Artes (FBAUP). Dos “muitos fatores” que levaram Catarina Machado a colocar a U.Porto no topo das opções, começa por nomear o facto de “ser um espaço que se destaca, tendo em conta aquilo que é o panorama cultural e artístico nacional”. Ainda assim, “o que mais me atraiu na Universidade foram as infraestruturas que esta disponibiliza”.

“Qual é o segredo para a perfeição?”, arriscamos novamente. Para Catarina, “o empenho e a dedicação são fatores incontornáveis quando falamos de sucesso académico”. Mas ressalva: “não faz sentido considerar as classificações que obtivemos como mero fruto do nosso esforço individual, mas antes como súmula do conjunto de fatores, maioritariamente externos (entre eles, o apoio familiar constante e incondicional, os bons professores e colegas a par das boas infraestruturas escolares e a acessibilidade a meios tecnológicos) que nos permitiram chegar até aqui, com esta distinção”.

Sobre o peso de entrar com a nota máxima de candidatura, a jovem artista garante que “nunca houve a intenção de ingressar na Universidade com média de 20 valores. A verdade é que sempre senti a necessidade de dar o meu melhor, mantendo-me fiel a mim própria e aos meus valores”. E assim promete continuar, agora sob as vistas privilegiadas do Palacete Braguinha. “Vou continuar a empenhar-me, sem nunca me secundarizar a mim própria”.

Catarina Machado. (Foto: U.Porto)

“Bons resultados decorrem do equilíbrio entre um estudo metódico e momentos de lazer”

O destino de João Marinho estava “traçado” praticamente desde que nasceu. “A Universidade tem um lugar especial na minha família, já que tanto os meus pais como a minha avó e a minha tia estudaram aqui”. Junte-se “o prestígio da instituição e o seu historial de formação de profissionais de excelência” e completa-se o “caldo” que o trouxe este portuense de gema até à licenciatura em Gestão da Faculdade de Economia da U.Porto (FEP).

João “surfou” o ensino secundário no Liceu Francês Internacional do Porto, onde rapidamente se destacou. “Creio que os bons resultados decorrem do equilíbrio que tenho conseguido entre um estudo metódico e momentos de lazer. O surf, por exemplo, tem-me permitido estar com amigos e aliviar o stress, ajudando-me a trabalhar de forma mais eficaz, nomeadamente no período mais crítico da pandemia”, explica.

Para esta nova fase do percurso académico, o futuro gestor assume a “expectativa de aprofundar conhecimentos e adquirir competências numa “área que há muito me despertou interesse” Mas não a única… Apaixonado por música e pelo violino em particular, João Marinho – que conta com uma passagem pela prestigiada Escola Superior de Música Reina Sofia, em Madrid – vai partilhar as salas da FEP com os palcos Universidade de Música e Teatro em Munique (Alemanha). É ali que se prepara para iniciar a licenciatura em violino, “esperando poder conciliar esta paixão com o meu interesse pelos estudos de Gestão”.

João Marinho. (Foto: U.Porto)

“Espero desenvolver a minha aptidão em várias áreas”

Foi na Escola Básica e Secundária D.Dinis, em Santo Tirso, que João Passadiço garantiu o “passaporte” para a licenciatura em Matemática da Faculdade de Ciências. Uma opção que atribui ao “prestígio” e a “toda a tradição que envolve esta instituição”. Por outro lado, “atraiu-me a oportunidade de contactar com o meio universitário na sua melhor representação a nível nacional”, revela.

Para este ás dos números, a equação para o sucesso académico começa por requerer “bastante esforço e atenção nas aulas”. Multiplique-se pelo “empenho e a ajuda dos professores”, e pela importância de “ter outros hobbies como ouvir música ou ler”, e aproximamo-nos da fórmula para encontrar “um equilíbrio entre as várias vertentes que possuímos como seres humanos”

Quanto ao resultado final, fica para João desvendar nos próximos anos, nas salas do departamento de Matemática da FCUP. “Espero desenvolver a minha aptidão em várias áreas do meu interesse de forma a descobrir exponencialmente o quão fascinante é a ‘Rainha das ciências’!”.

João Passadiço. (Foto: DR)

“Quero aproveitar a vida académica da melhor forma!”

A última paragem leva-nos à Faculdade de Engenharia (FEUP), a “casa” que antes de ser de Pedro Oliveira, já o era. “Foi onde os meus pais estudaram e guardaram tão boas memórias”, partilha o novo estudante da licenciatura em Engenharia Informática e Computação, lecionada pela FEUP e pela FCUP.  Na decisão pesou também o prestígio da Universidade, “nomeadamente em Engenharia. Por último, adoro a cidade do Porto e considero-a um ótimo sítio para estudar e viver”.

Natural de Vila Nova de Gaia, Pedro frequentou o ensino secundário no Externato Ribadouro. “Os fatores mais importantes foram saber gerir o meu tempo e a capacidade de concentração, que resultaram da frequência do ensino artístico. O horário era mais extenso e exigia mais trabalho em casa. Como considero fundamental sair com os amigos e praticar exercício físico, desde cedo tive de aprender a organizar-me”.

Cumprido o objetivo de entrar na FEUP, Pedro Oliveira espera agora “gostar do curso e adquirir todas as ferramentas necessárias para exercer a minha profissão. Paralelamente, “quero aproveitar a vida académica da melhor forma e divertir-me ao máximo”.

Pedro Oliveira. (Foto: U.Porto)

Nota do autor: Para além dos seis estudantes referidos no artigo, também José Topa Gomes ingressou este ano letivo, com 20 valores de nota de candidatura, na licenciatura em Física da Faculdade de Ciências da U.Porto (FCAUP). Contudo, não foi possível obter o seu testemunho em tempo útil.