Cláudia Santos, investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), venceu o segundo prémio de melhor comunicação oral no YES (Young European Scientist) Meeting, uma conferência internacional que decorreu no Centro de Investigação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, de 12 a 15 de setembro.

O trabalho, premiado com o valor de 1500 euros, avaliou a distribuição geográfica de três infeções sexualmente transmissíveis (ISTs) em Portugal – a clamídia, a gonorreia e a sífilis – e identificou os municípios de maior risco, utilizando para tal os dados do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE), durante o período de 2015-2017.

“Optámos por avaliar estas três patologias, porque, para além de serem as doenças de declaração obrigatória mais notificadas no nosso país, são todas elas preveníveis e curáveis, e, portanto, se detetadas atempadamente, poder-se-á evitar complicações na saúde neonatal e reprodutiva”, explica Cláudia Santos.

Porto e Lisboa numa liderança indesejada

O trabalho permitiu concluir que são as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto que apresentam a maior taxa de notificação destas doenças. Inclusivamente estas mesmas áreas exibem taxas de notificação acima da média nacional, representando áreas de alto risco de contração destas ISTs. “Trata-se de números muito superiores à média nacional”, adianta a investigadora. A Área Metropolitana de Lisboa concentra a maioria dos casos reportados a nível nacional: 70% dos casos de clamídia, 57% dos casos de gonorreia e 47% dos casos de sífilis.

No que diz respeito ao perfil do doente típico destas patologias, percebeu-se que se trata maioritariamente de homens, jovens e heterossexuais.

Para a investigadora, “os resultados da comunicação são úteis para delimitar as comunidades e grupos que merecem intervenção prioritária e para desenvolver programas de saúde pública adequados a estas populações”.

É de sublinhar que, entre os anos de 2015 e 2017, as taxas de notificação nacionais para a clamídia foram de 2,4 por 100 000 habitantes, para a gonorreia 5,2 por 100 000 hab. e para a sífilis 8,0 por cada 100 000 habitantes. Os valores encontrados no trabalho mostram taxas de notificação bastante superiores nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto (perto de 68 por 100 000 habitantes para a clamídia, mais de 171 por 100 000 hab. para a gonorreia e acima de 152 por 100 000 hab. para a sífilis).

A comunicação apresentada designa-se Mapping geographical patterns and high-risk areas for sexually transmitted infections in Portugal – a retrospective study based in the National Epidemiological Surveillance System e foi coordenada pelos investigadores do ISPUP, Ana Isabel Ribeiro (orientadora) e Bernardo Gomes (coorientador).

Outros premiados

Para além de Cláudia Santos, o YES Meeting 2019 distinguiu mais três jovens investigadores da U.Porto. Ainda no domínio das comunicações orais apresentadas na sessão plenária, João Bessa e Silva, estudante do 6.º ano do Mestrado Integrado em Medicina da FMUP, levou para casa o terceiro prémio, com um trabalho na área da Fisiologia e Imunologia, intitulado “Endocan, a novel endothelial dysfunction biomarker, is associated with ventricular dysfunction, inflammation and worse hemodynamics in human acute heart failure”.

No que toca às sessões paralelas, Diana Azevedo, também ela finalista da FMUP, destacou-se no painel dedicado à Fisiologia e Imunologia, com o trabalho Strain Analysis But Not Left Ventricular Ejection Fraction Captured Systolic Function Improvement After Aortic Valve Replacement.

Já a comunicação intitulada Modulatory effect of the inflammatory potential of diet on the relationship between air pollution and asthma in children: evidence from a cross-sectional study, apresentada no painel de Saúde Pública e Informática Médica, valeu uma menção honrosa a Pedro Camisão Cunha, estudante do Mestrado em Ciências do Consumo e Nutrição da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da U.Porto (FCNAUP).