O projeto SMART, que agrega investigadores de cinco instituições portuguesas – entre as quais o Laboratório de Sistemas e Tecnologias Subaquáticas (LSTS) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto – é o vencedor da 1.ª edição do concurso “AI Moonshot Challenge” promovido pela Web Summit. São 500 mil euros para desenvolver um projeto de combate à poluição – nomeadamente ao plástico – nos oceanos.

“Estima-se que 80% dos detritos flutuantes presentes no oceano sejam de material plástico, situação que representa uma grave ameaça não só para a vida marinha, mas também para a saúde humana. O nosso objetivo é, portanto, fazer convergir técnicas de inteligência artificial, modelação, robótica e observação remota, para garantir a identificação e seguimento de micro-plásticos”, explica João Tasso, diretor do LSTS.

O investigador da Faculdade de Engenharia destaca também a forma orgânica e simples que deu origem a este projeto, num compromisso sério de resolução de um dos principais desafios da atualidade e que “só pode ser equacionado na base da cooperação nacional e internacional”.

Tecnologia para enfrentar plástico nos oceanos

A equipa é liderada pelo Centro de Recursos Naturais e Ambiente (CERENA-IST) e integra, além do LSTS da FEUP, mais três entidades: o Laboratório Associado Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), o Instituto Hidrográfico e o MIT-Portugal.

Juntos, os cinco organismos pretendem “conjugar a aprendizagem automática (da inteligência artificial) com os princípios das leis da física para construir modelos de previsão e simulação da acumulação de plástico no oceano” a partir de dados recolhidos por satélite.

Mais concretamente, os investigadores vão recorrer a dados de satélite do programa Copernicus para determinar as frequências adequadas para a deteção de plástico em massas de água e complementar essa informação com modelos que simulam o comportamento do oceano.

Em comunicado, Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, afirma que o “uso de dados de satélite, nomeadamente do programa Copernicus, permite encontrar soluções de larga escala para alguns dos muitos desafios que colocam as alterações climáticas”.

O júri – presidido pela bióloga Carolina Sá e por Paolo Corradi, engenheiro de sistemas na Agência Espacial Europeia (ESA) – valorizou ainda o facto de os investigadores portugueses preverem usar “veículos autónomos marítimos para validar os resultados e recolher ainda mais dados”.

Sobre o AI Moonshot Challenge

Lançado durante a edição de 2019 da Web Summit, o “AI Moonshot Challenge”e visa encontrar “ideias disruptivas” e novas soluções que combinem tecnologias de computação, dados de satélite e inteligência artificial para resolver problemas no âmbito das alterações climáticas. Os vencedores foram anunciados na edição deste ano da cimeira tecnológica, que terminou esta sexta-feira.

Para Paulo Dimas, vice-presidente de Inovação de Produto da Unbabel, empresa que apoia o “AI Moonshot Challenge”, “a inteligência artificial tem o potencial de ser capaz de conjugar todos estes dados e encontrar padrões e fazer detecções onde geralmente não seria possível”.