Do início do fim do movimento punk, nos anos 1990, até ao (eterno) Fado Académico e Fado de Lisboa. Da descoberta de paraísos de biodiversidade até à inevitável corrosão decretada por ação humana, passando por notícias que se esfumaram no pó dos dias e que o Teatro Universitário do Porto (TUP) leva ao palco… Entre tudo isto há um tema transversal: o Tempo. O mesmo a que vamos dedicar à última semana das Noites no Pátio do Museu, a decorrer de 26 a 31 de julho, sempre às 21h30, no Pátio do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP), e com entrada gratuita.

Para abrir a semana, nada melhor do que uma noite ao luar na companhia de dois dos escritores portugueses mais consagrados da atualidade.  A última curva do caminho e as Doenças do Brasil foram os últimos livros editados, mas o que traz Manuel Jorge Marmelo e Valter Hugo Mãe ao Pátio do Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP), na noite de 26 de julho, não são estes dois últimos lançamentos. O tema em discussão será todo o processo que vai desde a gestação da ideia ao pulo da palavra escrita. O olho cirúrgico que faz voltar atras na letra, apagar e escrever de outra maneira, mais fiel ao que se quer dizer.

Os dois autores vão estar à conversa sobre O tempo que corre pelas suas obras. O tempo na escrita. Depois há ainda o tempo da narrativa. Uma hora pode ocupar cem páginas, assim como a história de um século pode resumir-se numa frase. Que tempo damos ao tempo da narrativa?

Manuel Jorge Marmelo nasceu em 1971, na cidade do Porto. Estreou-se na literatura em 1996 e publicou, desde então, romances, crónicas, contos e livros infantis, destacando-se os romances Uma Mentira Mil Vezes Repetida, que conquistou o prestigiado Prémio Literário Casino da Póvoa/Correntes d’Escritas 2014; Macaco Infinito; Somos Todos Um Bocado Ciganos e O Silêncio de um Homem Só, distinguido em 2005 com o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco. O romance O Tempo Morto É Um Bom Lugar, de 2014, foi um dos três finalistas do Livro do Ano da Time Out Lisboa.

Valter Hugo Mãe tem obra traduzida em variadíssimas línguas. Com As doenças do Brasil completa 25 anos de edição e 50 anos de vida. É autor dos romances: Contra mim (Grande Prémio de Romance e Novela – Associação Portuguesa de Escritores); Homens imprudentemente poéticos; A Desumanização; O filho de mil homens; a máquina de fazer espanhóis (Prémio Oceanos); o apocalipse dos trabalhadores; o remorso de baltazar serapião (Prémio Literário José Saramago) e o nosso reino. A sua poesia encontra-se reunida no volume Publicação da mortalidade. Publica a crónica Autobiografia Imaginária, no Jornal de Letras, e Cidadania Impura, na Notícias Magazine.

Do museu ao teatro

Gosta de minerais? De lhes apreciar o brilho, a cor? De saber mais sobre as suas propriedades? Que idade podem atingir? Para além do fascínio que exercem, estes agregados de minerais são ricos em elementos químicos específicos, tornando-se económica e tecnologicamente viáveis para extração. No dia 27, damos Voz aos objetos, nomeadamente aos minérios da coleção de rochas e minerais do MHNC-UP.

Começando no Pátio do Museu,  João Muchagata, curador de Paleontologia do MHNC-UP, vai-nos conduzir até as amostras que estão integradas na exposição O Museu à minha procura, bem como no Laboratório Ferreira da Silva.

Orfeão Universitário do Porto

Na noite de 28 de julho, quinta-feira, vamos ouvir fado. Mas não só. Do “cardápio” fazem parte canções do Fado Lisboa, do Fado Académico e Coros Populares. Quem sobe ao palco é O Orfeão Universitário do Porto (OUP). Vamos ver e ouvir alguns dos grupos artísticos do Orfeão, para uma experiência de osmose entre a música e a cultura portuguesa. Já com 110 anos de história, o OUP continua a sua missão de partilha da tradição portuguesa.

Sexta-feira, 29 de julho, é noite de cinema. Voltamos ao núcleo de cinema de cursos de documentário presenciais e online, em diálogo com a conferência internacional de subculturas KISMIF. Desta vez, o ciclo Lo-fi Rock ‘n’ Roll Remix traz os filmes: 1991: The Year Punk Broke  (1992, 1h34), de Dave Markey; e Meeting People is easy  (1998, 1h35), de Grant Gee.

1991: The Year Punk Broke  (1992, 1h34), de Dave Markey, (Foto: DR)

Sábado, 30 de julho, é dia de expedição! Já fez a mala? Partimos à descoberta do território brasileiro com Roberto Burle Marx. Este pioneiro na luta pela preservação ambiental no Brasil visitava mais de uma vez os lugares que descobria nas suas expedições e, a cada retorno, a degradação do meio-ambiente era visível. Uma nova fazenda, estrada ou hidroelétrica surgia, tornando cada vez mais evidente a importância e a urgência da conservação ambiental. Colecionador, paisagista, botânico e ambientalista, Roberto Burle Marx dedicou toda a vida à preservação da natureza.

Depois dos Ciclos Caos-ar (2019) e Riscar (2021), surge o Despertar. De que falamos? Do conjunto de performances pensadas e criadas pelo TUP. São sempre espaços de liberdade para criar, comunicar e consciencializar. Para comungar alertas sobre assuntos que consideram perdidos no sonambulismo dos últimos dois anos. É com elas que as Noites no Pátio do Museu se despedem no domingo, 31 de julho.

Recorde-se que as Noites no Pátio do Museu 2022 têm sempre início às 21h30. A entrada é livre – ainda que limitada à lotação do espaço – e far-se-á pelo Jardim da Cordoaria.

Resultado de uma iniciativa conjunta da Casa Comum da U.Porto e do MHNC-UP, as Noites no Pátio do Museu tiveram a sua primeira edição em 2020, durante o pico da pandemia de Covid-19. Uma condicionante que não impediu o sucesso de uma iniciativa – repetida em 2021 – que provou que “A Cultura faz bem à saúde!”. 

Este mês de julho trouxe cerca de 30 eventos ao Pátio do MHNC-UP. Uma programação gratuita, recheada de teatro, poesia, ciência, música e cinema. Com uma média de 250 pessoas, por semana, a assistir a esta oferta única na cidade, cerca de 1000 pessoas chegam, assim, connosco, ao fim de mais um ciclo de eventos que efetivam o cumprimento desta missão que a U.Porto vem abraçando nos últimos anos: a democratização no acesso à cultura.