No atual contexto de pandemia por Covid-19, os serviços de saúde precisam de garantir eficazmente a desinfeção de todas as áreas contaminadas, por forma a evitar contágios. E é com o objetivo de dar resposta a essa necessidade que o INESC TEC se juntou às faculdades de Engenharia (FEUP) e de Medicina (FMUP) da Universidade do Porto, para desenvolver o RADAR – Robô Autónomo para Desinfeção em Ambiente hospitalar.

Como o próprio nome indica, este projeto liderado pelo INESC TEC – e um dos 66 contemplados pela linha de financiamento ‘RESEARCH 4 COVID-19’, criada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) –  propõe o desenvolvimento de um sistema robotizado de desinfeção de espaços em unidades hospitalares, através da irradiação de radiação ultravioleta.

Com uma arquitetura modular e adaptável a diferentes plataformas robóticas já existentes, o RADAR terá navegação autónoma, ou seja, será capaz de se localizar e de navegar pelas salas contaminadas, monitorar a presença de pessoas no ambiente, e realizar o processo de desinfeção de forma autónoma.

O procedimento de desinfeção será realizado de forma sistemática e ininterrupta, gerando ganhos de qualidade na eficácia da desinfeção, e produtividade ao permitir redirecionar recursos humanos para outras tarefas.

Ao utilizarem este robô para desinfeção, os profissionais de saúde e prestadores de serviço ficam igualmente menos expostos a produtos tóxicos e corrosivos, utilizados nos procedimentos de desinfeção tradicionais.

Porquê a luz ultravioleta?

“Nesta faixa, a luz é capaz de matar ou inativar microorganismos destruindo ácidos nucleicos e interrompendo o seu DNA, deixando-os incapazes de desempenhar funções celulares vitais”, esclarecem António Paulo Moreira (coordenador do Centro de Robótica e Sistemas industriais do INESC TEC e líder do projeto) e Adriano Carvalho (Diretor to DEEC-FEUP e investigador do SYSTEC).

Os dois investigadores esclarecem ainda que “uma vez que exposições prolongadas à luz UV podem, dependendo da frequência utilizada, ser prejudiciais à pele e aos olhos, será desenvolvido um método de deteção de presença de pessoas para interrupção do processo de irradiação de luz na presença de humanos, caso se utilize luz com efeitos prejudiciais. Pretendemos em colaboração com o SYSTEC, FEUP e FMUP analisar com cuidado este aspeto”, rematam.

Além do INESC TEC, FEUP, SYSTEC e FMUP, colaboram ainda no projeto o Centro Académico Clínico ICBAS-CHP, o Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), o Centro Hospitalar Universitário do Porto – Hospital de Santo António e o Hospital de São Martinho, em Valongo.

Com início em maio, o projeto será desenvolvido nos próximos três meses.