De 8 a 12 de junho vamos contar histórias, construir encenações coletivas imaginárias, apresentar retalhos da vida de músicos que já foram ou ainda são estudantes ou professores, dizer poesia e, esperamos nós, fazer rir, com um espetáculo de stand-up comedy que encerrará uma semana made in U.Porto. Está aí o primeiro U.Porto Fest e vai ser só com gente que está ou já passou pela Universidade do Porto, ou seja, só com a “prata da casa”.

Tendo como pano de fundo as celebrações dos 110 anos da Universidade, este festival inédito convida toda a comunidade – da U.Porto e não só – a juntar-se à festa durante cinco “noites  culturais” (ver programa) com entrada gratuita e com vista para as estrelas. No palco e no céu, ou não estivéssemos em “casa”, no Pátio do Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência (MHNC-UP), em pleno Edifício Histórico da Reitoria. E não se admire se, em algumas noites, o desafiemos a saltar para o palco! Venha daí!

Rui Xará apresenta: Stand UP

Começamos pelo fim, a noite de 12 de junho, em que vai assistir ao “regresso a casa” de um antigo estudante da Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP) e um dos pioneiros na arte da Stand-up Comedy em Portugal: Rui Xará.

Ainda hoje, lá está! Basta ir ao Café Piolho e olhar para cima da máquina de sumos de laranja natural: “É a placa mais caricata que temos aqui no Piolho”, atira o empregado de balcão. Porquê? “Porque é de um grupo de estudantes que nunca terminaram o curso.” “É única do país”, arrisca Rui Xará, autor das quadras, antigo estudante do curso de Química da FCUP e apresentador da noite de Stand UP.

Todos os anos, este grupo de antigos estudantes do curso de Química se encontra. E é sempre na mesma data: 15 de janeiro. Dia em que, em 1989, começou o ano letivo. Rui Xará, original de Braga e acabado de chegar à cidade do Porto, recorda ter sido um ano muito atípico, marcado pela famosa PGA – a Prova Geral de Acesso. O que todos estes antigos estudantes têm em comum? Nenhum terminou o curso. Rui Xará repetiu a matrícula 11 vezes, até desistir. Quando fala do Piolho diz: “É o único sítio onde fiz as cadeiras todas”.

Esta será assim a noite em que Rui Xará vai voltar à sua antiga Faculdade de Ciências, revisitar o Laboratório Ferreira da Silva, agora recuperado, e partilhar estas e outras histórias.

Rui Ramos apresenta: Contadores de Histórias da U.Porto

Do último saltamos para o primeiro dia do UPorto Fest! Quem também vai querer visitar o recém inaugurado Laboratório Ferreira da Silva é Rui Ramos. Este conhecido Contador de Histórias já foi estudante do Curso de Geologia da FCUP e, na noite de 8 de junho, vai partilhar algumas histórias que, para muitos, serão desconhecidas.

Já ouviu falar do “Crime da Rua das Flores”? Se ainda não… Rui Ramos vai contar-lhe tudo sobre este caso que abalou a sociedade portuguesa. Já agora, sabe onde está caixa de alcaloides que era usada por Ferreira da Silva na investigação de casos como o de Urbino de Freitas? Exato! No Laboratório Ferreira da Silva. E a lenda que está associada à ermida que existiu onde hoje está, precisamente, o edifício histórico da Reitoria? A lenda tem como protagonistas principais o primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques, a primeira Rainha, D. Mafalda de Saboia, e um acidente que esta terá tido com o cavalo. Conhece?

E já agora, o que sabe sobre o Colégio de Órfãos que também aqui existiu? “Caminhamos aos ombros de gigantes”, diz Rui Ramos. “Antes de nós, outros prepararam o terreno, abrindo-nos caminhos e alicerçando as bases para a edificação deste monumento ao conhecimento que é a Universidade do Porto”, recorda o alumnus. “E nada melhor para celebrar estes gigantes do que partilhar as suas histórias”, acrescenta.

Rui Ramos vai abrir o livro de histórias nesta primeira noite do U.Porto Fest, mas não estará sozinho! O Reitor, António de Sousa Pereira, e um representante de cada faculdade da U.Porto vão seguir-lhe o exemplo e contar uma história.

Seiva Trupe apresenta: Encenações Imaginárias

Representa o pensamento elevado, as letras, a música, as artes, a sabedoria e a inteligência. Comunica o peso histórico da academia. O uso da sua imagem está associado à mais alta representação da instituição. Aparece em publicações especiais, é chancela de documentos, diplomas de mérito e marcas d’água do papel institucional. De que falamos? Filha de Júpiter, Minerva é uma das deusas mais apreciadas da mitologia romana.

Tendo nascido da cabeça de Júpiter, seria Minerva uma filha problemática? E se Minerva se cansasse de ser conhecida e quisesse passar ao anonimato? Como se poderia disfarçar? Ou, pelo contrário, se gostasse de se olhar ao espelho, o que diria? Na noite de 9 de junho, quando a Seiva Trupe nos perguntar: Minerva, quem és tu? Me? Nerva, and you? Vamos saltar para o palco e procurar respostas? O que se pretende é, precisamente, a construção coletiva de uma Encenação Imaginária, tendo por mote a figura da Minerva.

Com o apoio de uma violinista em palco, vai acabar esta noite do U.Porto Fest a saber mais, muito mais sobre prática teatral e encenação. Isto fará com que, no fundo, no fundo, a personagem principal da noite seja mesmo a sua própria imaginação.

Rui Reininho apresenta: Retalhos sonoros – Jam Session

Altura, agora, para pousar o violino. Do rock à canção com preocupações sociais, passando por fiapos de jazz, folk e outras músicas tradicionais, sem esquecer o spoken word… Passará por aqui a proposta para a noite de 10 de junho, com Retalhos Sonoros alinhavados por Rui Reininho, o icónico vocalista dos GNR e também ele antigo estudante da U.Porto, desta vez do curso de Línguas e Literaturas Modernas da Faculdade de Letras (FLUP).

Começamos com um projeto que vai impor palavras de ordem! Contaminadas por percussão. Tem um cariz ativista este Disco.Voador que constrói performances em torno de questões relacionadas com os direitos humanos. A voz de Joana Manarte, com Tiago Enrique na guitarra, revisita lutas e revoluções que pontuam a história. Com a intenção assumida de arriscar novos territórios, a proposta é  despertar consciências e acender inquietações!

Os Jagtet são um grupo de músicos amadores que abandonou a sala de ensaios, já com “muito pó com o confinamento”, e vem “apanhar ar fresco ao U.Porto Fest”. O que poderemos esperar? “Instrumentais e canções originais que cambaleiam entre a folk e o jazz, com pitadas de rock”, mas “sem se decidirem por qualquer destes estilos”. Uma espécie de punk rock, mas que é mais garage, é a proposta dos Sunflowers. Com mais de 200 concertos às costas, no Reino Unido, Espanha, França, Itália, Alemanha, Holanda e África do Sul, são já veteranos da estrada.

Dizem que pintam os lábios de vermelho, usam rímel e vestem de preto. “Somos mulheres. Bebemos vinho do Porto, porque é doce, e enchemos a boca de palavras amargas.” É “só para contrariar”. Recorrem a Sophia de Mello Breyner Andresen, Natália Correia e Charles Bukowski. Usurpamos versos de WC e modinhas do cancioneiro tradicional.” Para quem gosta de arrumar estilos em gavetas: “Somos pop, tropicais e urbanas. Somos reggaeton e sáficas”. Estamos a falar de quem? Chamam-se CRudE e vão partilhar o palco com as outras bandas, nesta noite de 10 de junho do U.Porto Fest.

Rui Reininho vai ser o “mestre de cerimónias” da terceira noite do U.Porto Fest. (Foto: DR)

Isabel Morujão apresenta: 110 Anos, 110 Poemas

Na noite de 11 de junho, a Jam Session será outra! Mas a poesia continua. Está preparado para a verdadeira Festa da Poesia? Temos, nada mais, nada menos do que 110 poemas, para os 110 anos que este festival assinala. E será, claro está, dada a primazia à Palavra.

É mesmo para saborear “o prazer da poesia dita” e “da palavra poética habitada pela voz, que é a maior e mais poderosa caixa de ressonância da poesia”, diz-nos Isabel Morujão, docente da FLUP. De Andreia C. Faria a Inês Lourenço, Margarida Losa a Regina Guimarães, Rui Pires Cabral a Carlos Marques Queirós será variada a paleta e a “temperatura” de poemas de autores da casa e caberá a Paula Abrunhosa dar voz à palavra que também será dita.

E de palavras ditas pelos próprios autores, também se poderá fazer esta Festa da Poesia? Claro que sim. Nesta noite dedicada aos 110 Anos, 110 Poemas, os autores não poderiam faltar.  Vão subir ao palco do U.Porto Fest nomes como Rosa Alice Branco, Mónica Baldaque, Ilda Figueiredo, Amadeu Batista, José Manuel Barbosa, Fernando de Castro Branco, entre tantos outros.

Garras dos Sentidos foi o poema que Agustina Bessa-Luís escreveu para a cantora Mísia e que também se vai ouvir numa noite de bênção à Palavra. O poema será cantado pelo Orfeão Universitário do Porto.

A partir destes 110 poemas, de atuais e antigos alunos e professores da Universidade, será criada uma antologia de Poetas U.Porto, que servirá para assinalar também os 110 anos da nossa Universidade.

A poesia de Agustina Bessa-Luís vai fazer-se ouvir numa noite que contará com a presença de Mónica Baldaque, filha da escritora e Doutora Honoris Causa da U.Porto. (Foto: DR)

Cinco dias para FESTejar… em segurança

Uma semana que é da academia, para todos que a ela se queiram juntar. Quer subir ao palco? Às artes e à cultura nada menos do que Mário Cesariny nos ensinou: “Ama, como a estrada começa”, sabendo nós, desde Camões, que “Para tão longo amor” é “tão curta a vida!” Não falte à festa que é sua.

Os espetáculos começam todos às 21h00 e realizam-se no “Pátio do Museu” (Reitoria da U.Porto), com entrada pela Cordoaria.

Todos os eventos inseridos no U.Porto Fest têm entrada livre, ainda que sujeita a marcação prévia no portal Eventbrite. Para reservar bilhetes, procure o evento aqui.

No quadro do combate à pandemia de Covid-19, todas as medidas de segurança estão igualmente asseguradas. Entre elas incluiu-se a limitação da capacidade total de ocupação do espaço. A higienização das mãos e a desinfeção do calçado serão também obrigatórias.