Ensaio arranca em abril.

Uma equipa de investigadores da Universidade do Porto, liderada pela Faculdade de Medicina (FMUP), vai dar início a um ensaio clínico inovador para avaliar os efeitos que uma só refeição, consumida antes da prática desportiva, pode ter na nossa saúde. Os cientistas pretendem ainda avaliar quais as consequências físicas de uma redução abrupta da atividade. Para isso, vão recrutar jovens com idades entre os 18 e os 35 anos, que tenham uma vida ativa e vontade de colaborar.

A alimentação e a atividade física muitas vezes são influenciadas pelo ritmo frenético do quotidiano das pessoas, que veem assim o seu estilo de vida alterado. Ingerir refeições rápidas ou parar subitamente de praticar exercício durante algumas semanas são algumas situações que acontecem com frequência no dia-a-dia de muitos indivíduos. Mas qual é o impacto dessas alterações na saúde?

O “MERIIT Project – Meal-Exercise Challenge and Physical Activity Reduction Impact on Immunity and Inflammation” foi criado para poder obter algumas respostas a esta questão. “Pretendemos perceber de que forma uma refeição consumida antes do exercício e o sedentarismo agudo afetam, de forma imediata, a nossa resposta inflamatória e o sistema imunológico”, sumariza André Moreira, coordenador do estudo e professor de Imunologia na FMUP.

O estudo é composto por três etapas. “Na primeira será feita uma avaliação antropométrica (avaliação peso, altura, perímetro abdominal…), efetuados testes cutâneos e de alergia, avaliada a função respiratória e serão preenchidos questionários de avaliação nutricional e de atividade física pelos voluntários”, adianta Diana Silva, uma das imunoalergologistas da FMUP envolvidas no projeto.

A segunda parte do estudo denomina-se Eat and Run (Come e Corre) e, no primeiro dia, seguido de algumas avaliações, será oferecido um almoço aos participantes. Após o almoço, surge nova fase de avaliação e uma prova de esforço físico, mediante uma corrida em tapete rolante. Uma semana depois, o esquema das avaliações, almoço e provas será realizado novamente. Os dois almoços serão diferentes, sendo os seus constituintes controlados pela equipa de Nutrição, nomeadamente pela nutricionista e investigadora do projeto, Rita Moreira.

Por fim, a terceira etapa, Slow Down (Abranda) consiste em, durante duas semanas, os participantes reduzirem ao máximo a sua atividade física e tornarem-se “sedentários”. “Devem passar muito tempo deitados, a ver televisão, e utilizar o elevador em vez das escadas, por exemplo”, explica Diana Silva. Após as duas semanas, serão reavaliados e verificadas as consequências da inatividade física.

Este projeto resulta de uma parceria das Faculdades de Medicina (FMUP), Desporto (FADEUP) e Ciências da Alimentação e Nutrição da U.Porto (FCNAUP), tendo recebido o Prémio para projeto SPAIC – GlaxoSmithKline 2013 da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica.

Os interessados em participar podem inscrever-se aqui. Para além de receberem duas refeições grátis, terão acesso aos resultados da prova de esforço, aos relatórios médicos de todos os exames e a uma avaliação e recomendação elaborados por um nutricionista.

O ensaio clínico arrancará na primeira semana de abril.