Uns focam-se na prevenção, outros apontam ao diagnóstico precoce, e há ainda os que propõem novas abordagens terapêuticas. Mas todos estão unidos num só propósito: travar a pandemia que já matou perto de meio milhão de pessoas em todo o mundo. Assim se podem “resumir” os 12 projetos liderados por investigadores da Universidade do Porto que acabam de ser contemplados no âmbito da segunda edição da iniciativa “RESEARCH 4 COVID-19”, a linha de financiamento criada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) para apoiar projetos de I&D capazes de melhorar a resposta dos sistemas de saúde nacionais ao impacto da COVID-19.

Depois de ter visto 17 projetos aprovados na 1.ª fase da iniciativa, a U.Porto garante agora mais um “bolo” de quase 500 mil – 465.235 –  euros para aplicar no desenvolvimento de soluções inovadoras para combater o novo coronavírus.  Na soma das duas edições, a Universidade recebeu perto de um milhão de euros de financiamento – cerca de um quarto do valor total atribuído pela FCT – a aplicar em 29 projetos distintos.

Entre os projetos agora distinguidos, destacam-se os cinco sediados no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), a entidade da U.Porto que garante a maior “fatia” de financiamento – cerca de 186 mil euros.

As soluções propostas pelo i3S incluem desde a identificação dos marcadores genéticos que predispõem a suscetibilidade dos seres humanos à infeção pelo SARS-CoV-2, até à possibilidade de identificar precocemente os doentes em maior risco, com base no seu perfil de ferro.

Há ainda projetos para avaliar o impacto do novo coronavírus em doentes com cancro e para tentar perceber se o mesmo está associado a disfunções na glândula tiróide (hipotiroidismo). O i3S vai também juntar-se ao Instituto de Saúde Publica da Universidade do Porto (ISPUP) para desenvolver um novo estudo sorológico para detetar anticorpos específicos para o SARS-CoV-2 (Abs)

Das células estaminais à nanotecnologia

Dos restantes projetos aprovados pela FCT, dois estão sediados no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). É a partir dali, por exemplo,que a equipa do Laboratório de Farmacologia e Neurobiologia / MedInUP vai procurar desenvolver estratégias de rejuvenescimento de células estaminais (STEM) para utilização no tratamento de doentes idosos internados em unidades de cuidados intensivos. Uma outra equipa do ICBAS vai tentar validar a eficácia de um novo teste diagnóstico alternativo às zaragatoas nasais, a partir da utilização de cartões Flinders Technology Associates (FTA).

A Faculdade de Medicina (FMUP) viu também aprovados dois projetos, no valor total de 80 mil euros. Metade do valor será aplicado no estudo da hiper-inflamação e perfil imunológico dos doentes com COVID-19 do Centro Hospitalar de Vila Gaia/Espinho. O restante vai ajudar a identificar biomarcadores e alvos terapêuticos para casos de inflamação não resolvida e endotelite em pacientes graves com COVID-19.

ISPUP

Determinar a duração da transmissão da infeção do vírus e o seu potencial de contágio é, por sua vez o objetivo do projeto liderado pelo ISPUP. Já o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) vai avaliar – juntamente com investigadores do i3S, da FMUP e do CINTESIS –  a utilização de Plasma Convalescente enquanto opção terapêutica para a COVID-19.

REQUIMTE – REQUIMTE – Rede de Química e Tecnologia – Associação (REQUIMTE-P)

Nota final para o projeto nano2Prevent, uma iniciativa de sete investigadoras do Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV, REQUIMTE), a trabalhar na Faculdade de Farmácia da U.Porto (FFUP). O objetivo passa por contribuir para a prevenção e controlar da transmissão de SARS-CoV-2 em hospitais e lares, através do desenvolvimento de soluções baseadas em nanotecnologia.

No total, esta segunda edição da iniciativa RESEARCH 4 COVID-19 recebeu 495 candidaturas, das quais 471 foram submetidas a avaliação por peritos externos. A lista completa dos 55 novos projetos apoiados pela FCTem colaboração com a Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB), pode ser consultada aqui.