Com uma equipa de mais de 400 pessoas e 34 grupos de investigação, o CIBIO é o maior centro científico nacional na área das ciências biológicas. (Foto: João Ferrand/CIBIO)

O CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto acaba de ver aprovadas pelas Comissão Europeia duas candidaturas ao programa Widening do Horizonte 2020 (Teaming e ERA-Chair), cujo financiamento global pode ascender aos 150 milhões de euros, o maior alguma vez atribuído a um centro de investigação português.

A maior fatia do financiamento será aplicada no projeto BIOPOLIS, destinado ao desenvolvimento de um centro de investigação de excelência em biologia ambiental, ecossistemas e agrobiodiversidade. Coordenado por um consórcio que junta o CIBIO à Universidade de Montpellier e à Porto Business School, este projeto ambicioso envolve igualmente um conjunto diversificado de agentes do setor publico e privado nacional e internacional, incluindo decisores políticos, universidades e centros de investigação, empresas e a sociedade civil.

Logo do BIOPOLIS

Com a aprovação do BIOPOLIS torna-se assim real um “sonho” iniciado há dois anos e que, em janeiro passado, era antecipado ao Notícias U.Porto por Nuno Ferrand, diretor do CIBIO: “O objetivo passa por tornar o CIBIO num centro de investigação referência mundial na área da biodiversidade e da sustentabilidade daqui a sete a dez anos. Atualmente, já somos o maior centro de ciências biológicas do país, temos mais de 400 pessoas, 34 grupos de investigação, mas agora que chegamos até aqui, acreditamos que podemos fazer muito mais”.

Submetido em 2017, o projeto ultrapassou com distinção as duas fases de candidatura estabelecidas pela Comissão Europeia , posicionando-se em ambas no topo das avaliações a nível europeu. Um prenúncio auspicioso para uma «superstrutura de investigação» que Nuno Ferrand espera “capaz de responder aos novos desafios que se colocam hoje em áreas de ponta como a genómica, a biologia computacional, a bioinformática, ou a monitorização ambiental”

Mas as boas notícias  para a U.Porto não se ficaram por aqui. No que é também um feito inédito na história da ciência em Portugal, a Comissão Europeia anunciou simultaneamente a atribuição ao CIBIO de uma nova ERA-CHAIR em biodiversidade tropical e ecossistemas. Àquela caberá a missão de promover a inovação na investigação em biodiversidade tropical em países africanos de expressão portuguesa, com vista à identificação de soluções para os principais desafios que se colocam à preservação da biodiversidade nestas regiões.

“Com a aprovação destas candidaturas temos o contexto ideal para o desenvolvimento de investigação inovadora, de elevada qualidade e com um forte impacto social, ambiental, económico e cultural, o que contribui para uma sociedade mais bem capacitada para efetuar escolhas informadas”, conclui o diretor do CIBIO.

Já para Pedro Rodrigues, vice-reitor da U.Porto para a Investigação, “o sucesso destas duas candidaturas a programas europeus tão exigentes, ilustra a excelência dos investigadores do CIBIO e a visão dos seus responsáveis, nomeadamente do Prof. Nuno Ferrand”. Por outro lado, ““demonstra a capacidade do ecossistema cientifico da Universidade do Porto em angariar financiamento europeu altamente competitivo”.

Ainda segundo aquele responsável, o sucesso do CIBIO mostra que “o Programa Widening do Horizonte 2020, onde se incluem os programas Teaming e ERA-Chair, mas também o Twinning, deve ser  encarado como uma real oportunidade de financiamento europeu”. E deixa o desafio, em forma de alerta: “Temos outros centros de investigação que têm tido sucesso neste programa, mas seria bom aumentar o numero de candidaturas em 2019/20 até porque a participação de Portugal no próximo programa Widening a partir de 2021 não está garantida”.