Investigadores da U.Porto e Institutos Associados na Central de Valorização Energética da LIPOR

Investigadores foram à LIPOR identificar as principais necessidades da empresa ao nível da inovação.

Encarar o lixo como valorizável, vendo nos resíduos inúmeras hipóteses de aplicar ideias inovadoras. Foi este o mote de mais uma sessão A2B que, no passado dia 4 de outubro, levou um grupo de cerca de 50 investigadores da Universidade do Porto e Institutos Associados à Central de Valorização Energética da LIPOR – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto.

Numa iniciativa que serviu para lançar as bases para uma cooperação futura entre a Universidade e a entidade responsável pela gestão, valorização e tratamento dos Resíduos Urbanos produzidos pelos oito municípios do Grande Porto, os participantes iniciaram a visita no Pólo I da LIPOR, onde puderem conhecer todo o processo desde a receção do lixo, já separado no Ecoponto, até ao Centro de Triagem. É aí que parte dos resíduos é encaminhada para a indústria de reciclagem. Já os resíduos orgânicos provenientes de mercados, restaurantes, cantinas e outros, têm um destino diferente graças à Central de Valorização Orgânica (CVO). Aí, através de um processo moderno de compostagem, o lixo é transformado num composto agrícola (NUTRIMAIS) com autorização certificada para a agricultura biológica.

Foi este o ponto que mais suscitou curiosidade por parte dos investigadores, principalmente vindos das áreas das Ciências e Farmácia, e também os de Economia. Os dois primeiros devido à hipótese de produção de biogás, e o último devido ao valor financeiro do composto NUTRIMAIS que, apesar de 100% natural e sem qualquer tipo de reagente (apenas água), tem pouco valor acrescentado e não dá lucro. Segundo a representante da LIPOR ( que, por ano, consegue valorizar cerca de 60 mil toneladas de resíduos), a CVO, por si mesma, não é sustentável: “Claro que seria muito mais económico depositar todos estes resíduos em aterro, mas os custos ambientais seriam catastróficos”, disse.

Após a hora de almoço e algum tempo para networking entre os participantes, a comitiva seguiu para a LIPOR II, na Maia, onde acontece todo o processo de transformação dos resíduos em energia eléctrica, com um aproveitamento na ordem dos 90%. Um dos problemas identificados durante a visita guiada à Central de Valorização Energética (CVE) foram os elevados custos de manutenção dos equipamentos, que representam a terceira maior fatia do orçamento total da central. Segundo os representantes da Associação, desde a inauguração da CVE, em 2000, só o aquecedor  já foi substituído três vezes e as paredes do reator têm as suas paredes substituídas também a mais de 50%.

Apesar de já existir alguma colaboração com a U.Porto, nomeadamente com a Faculdade de Engenharia, no que toca à parte geomecânica do aterro da LIPOR II, há espaço para acolher ideias inovadoras de outras instituições da Universidade. Conforme referiu o Administrador Delegado, Fernando Leite, neste momento a Associação tem mais do que condições e estruturas para acolher as propostas da U.Porto nas áreas que os investigadores tenham identificado como mais necessitadas: “Aceitamos sempre muito bem os projetos das faculdades mas só a partir de 2005 começámos a ter a estratégia de I&D melhorada”, referiu.

Isabel Nogueira, também da LIPOR, deixou por sua vez o desafio: “Queremos ver o que a Universidade faz, agarrar os projetos, acompanhá-los, fazer com que tenham resultados efetivos. O que queremos da U.Porto são soluções sustentáveis da gestão de resíduos”, disse. “Olhem para nós como um potencial parceiro não só no nosso <em>core</em> principal que são os resíduos”, desafiou por sua vez o diretor da LIPOR, Fernando Leite.

A mesma ideia foi apadrinhada no início da sessão por Jorge Gonçalves, vice-reitor da U.Porto para a Investigação, Desenvolvimento e Inovação, para quem a Universidade “agradece este tipo de desafios”, principalmente os que permitam “manter aqui os nossos melhores graduados, ajudando-os a adaptar-se à sociedade”.