Os apelos são diários. É preciso ajudar de todas as formas e cerrar o combate à COVID-19. E é nesse sentido que a Universidade do Porto vem disponibilizando todos os meios materiais e humanos ao seu dispor para responder às diversas solicitações.

Desta vez, o pedido chegou dos dois maiores hospitais do Porto e teve uma resposta imediata por parte da comunidade científica da cidade, nomeadamente da Faculdade de Farmácia da U.Porto (FFUP). Em causa está a montagem e entrega, em tempo recorde, de milhares de tubos contendo um líquido essencial para garantir o transporte e conservação – através de zaragatoas – das amostras biológicas recolhidas nos testes à Covid-19, realizados nos hospitais.

Depois de um primeiro momento que incluiu a recolha de cerca de 10 mil zaragatoas – uma “espécie de cotonete” que permite recolher amostras biológicas na garganta ou fossas nasais e que está a ser usada  na testagem do novo coronavírus – no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), na FFUP, no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S)  e no CIBIO-InBIO, é a produção do líquido para as preservar que está agora mobilizar os docentes, investigadores, estudantes e funcionários da FFUP. Tudo isto numa “linha de produção” sem precedentes, que envolve grande parte dos laboratórios da faculdade e ainda técnicos do ICBAS.

Em apenas dois dias de “trabalho em regime contínuo”, a equipa coordenada pela docente e investigadora Anabela Cordeiro já montou mais de 5 mil unidades daquele que é o “meio de transporte” de amostras biológicas mais adequado para pesquisa do Covid-19, segundo o Center for Diseases Control (CDC), dos EUA. Um processo que culminou no início desta semana, com a entrega do material ao Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), que inclui o Hospital de São João.

Em apenas dois dias, a equipa da FFUP conseguiu montar mais de 5 mil unidades para entregar ao CHUSJ. (Foto: DR)

Mais um contributo da Academia

Em declarações à agência Lusa, Pedro Rodrigues, Vice-Reitor da U.Porto – com o pelouro da Investigação – que tem coordenado os esforços da U.Porto na luta contra a pandemia, lembra que este é “mais um contributo” da Academia para ajudar as unidades de saúde no combate à Covid-19.

“Enquanto tivermos materiais, vamos produzir os tubos de transporte das amostras biológicas e, desta forma, ajudar os hospitais libertando-os desta tarefa, sublinha Pedro Rodrigues.

E é por isso mesmo que o trabalho em curso na U.Porto não vai ficar por aqui. A partir de agora, o foco da produção da FFUP centrar-se-á no Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP) – incluindo o Hospital de Santo António -, que se encontra a coordenar a sua ação com as Unidades Hospitalares de Vila Nova de Gaia, Penafiel e Santa Maria da Feira.

Já o CHUSJ continuará a ser abastecido por uma equipa do i3S, coordenada pela investigadora Luísa Pereira, bem como pela equipa da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa – Porto, liderada por Manuela Pintado, diretora Centro de Biotecnologia e Química Fina daquela escola.

A “linha de montagem” envolve os vários laboratórios da Faculdade de Farmácia. (Foto: DR)

Para além desta ação, e “no sentido de facilitar o trabalho, e aumentar a segurança dos profissionais de saúde”, a FFUP está igualmente “a testar soluções que permitam em simultâneo o transporte e a inativação do vírus”. Neste caso, e de acordo com as projeções de Anabela Cordeiro, “o teste piloto será realizado nos próximos dias”.

Recorde-se que, entre as iniciativas já desenvolvidas – ou em desenvolvimento na U.Porto, incluem-se também a doação de material de proteção individual e a produção de viseiras de proteção para os profissionais de saúde. Em curso, anuncia Pedro Rodrigues, está igualmente “o desenvolvimento de ventiladores e a preparação das condições para a deteção do coronavírus, SARS-Cov2″.