A Construção da(s) Liberdade(s). Congresso Comemorativo do Bicentenário da Revolução Liberal de 1820 tornou possível um debate que a pandemia inviabilizou. No próximo dia 9 de maio, reabre-se o debate em torno desta publicação – coeditada pela U.Porto Press e pelo CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória, com o apoio da Câmara Municipal do Porto (CMP) –, cuja apresentação pública está agendada para esse mesmo dia, às 18h00, no Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto (U.Porto).

A sessão contará com as intervenções de António de Sousa Pereira, Reitor da U.Porto, Amélia Polónia, Coordenadora Científica do CITCEM e Rui Moreira, Presidente da CMP.

Como tudo começou…

O objetivo inicial passava por reunir investigadores de diversas áreas do conhecimento num congresso que o CITCEM organizou e previa realizar em maio de 2020, na Biblioteca Almeida Garrett.

Porque “foi no Porto que se desencadeou a primeira revolução liberal e foi também no Porto que o liberalismo acabou por triunfar, no contexto da guerra civil (…)”, entendeu-se “pertinente integrar este congresso no programa das Comemorações do Bicentenário da Revolução Liberal de 24 de Agosto de 1820, promovidas pela Câmara Municipal do Porto”, conforme explica a Comissão Organizadora na apresentação deste livro.

“Pretendia-se, ainda, que esse debate não ficasse confinado ao círculo académico, mas que se abrisse à cidade”, continuam os organizadores.

O encontro seria, contudo, travado pela pandemia – que apenas permitiu a realização da sessão de abertura, por videoconferência, já em novembro de 2020 – pelo que os artigos publicados nesta obra, que reúne os textos das intervenções proferidas na sessão inaugural, bem como três dezenas das comunicações inscritas no evento, refletem o espírito da iniciativa inicialmente projetada, assim registados para memória futura.

A obra

A obra abre com um conjunto de cinco poemas de Ana Luísa Amaral, reunidos sob o título Da Liberdade: Respirações. Seguem-se cinco capítulos, cada um versando sobre uma perspetiva diferente da(s) Liberdade(s): “Revoluções pela(s) Liberdade(s)”, “Pensar a Liberdade: ideologia, utopias e distopias”, “A Prática Social da(s) Liberdade(s)”, “Liberdade de Imprensa, Comunicação e Opinião Pública” e “Representações da(s) Liberdade(s)”.

A pluralidade de perspetivas é explicada pelo texto assinado pela Comissão Organizadora: “Se a Época Contemporânea consagrou a liberdade como princípio e como direito elementar e universal de cidadania, nas diversas dimensões da vida humana, desde a liberdade de pensamento, de expressão e de imprensa, de reunião e de manifestação, religiosa, (…), estabeleceu também limites à fruição das liberdades”, nomeadamente em prol de outros direitos. Assim, “a construção das liberdades e as práticas sociais e políticas para assegurar esse direito não são (…) de sentido único e linear”, justificando-se, “perante a complexidade e a pluralidade das dimensões e significados da liberdade, refletir sobre as condições que a propiciam ou que a colocam em risco, em diferentes contextos históricos”.

Conforme defende Rui Moreira na sua intervenção de abertura, o interesse do Congresso (e do livro) reside exatamente na promoção de “um debate transversal e pluridisciplinar sobre a construção, regulação e práticas da(s) liberdade(s), em perspetiva histórica, literária, artística, mas também filosófica, sociológica e jurídico-política”.

E, como faz notar Amélia Polónia, referindo-se ao contexto pandémico que obrigou ao cancelamento do congresso (mas não à publicação do livro), “Assumindo que a História e o fazer História refletem preocupações do presente, tanto quanto dinâmicas marcantes do passado, o tema acaba por ganhar importância e relevância acrescidas e inesperadas.”

A entrada na sessão é livre.