O GreenUPorto, sediado na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), integra um consórcio internacional de entidades portuguesas e espanholas do setor do vinho, que pretende reduzir de forma significativa o uso do cobre na viticultura, assim como o seu impacto ambiental.

De acordo com a União Europeia, as vinhas estão entre as culturas que concentram a maior quantidade de cobre nos solos. O cobre, aliás, está na lista dos produtos candidatos a substituição, segundo o Regulamento da Comissão Europeia 1107/2009 relativo à colocação dos produtos fitofarmacêuticos no mercado. Nesse sentido, a UE lançou ainda um novo regulamento (UE 2018/1981) para restringir o uso de cobre a um máximo de 28kg/ha em 7 anos, e portanto a uma média de 4 kg/ha/ano.

É precisamente neste contexto que se alinha o projeto de I+D& i COPPEREPLACE. Com um financiamento superior a 1,6 milhão de euros, atribuído pelo programa Programa de Cooperação Territorial Sudoeste da Europa (Interreg SUDOE), esta iniciativa inovadora concentra a atenção na Europa para fornecer soluções integradas, sustentáveis e alinhadas com métodos de produção que respeitem o meio ambiente.

De olho nos solos

Mais concretamente, os investigadores do GreenUPorto e da FCUP vão trabalhar em parceria com a Universidade de Vigo. O objetivo é, numa primeira fase, identificar os fatores físicos e químicos dos solos. São eles os responsáveis por aumentar a vulnerabilidade à contaminação dos solos com cobre, e é necessário perceber qual o potencial para transferir cobre para os recursos hídricos e também para aumentar a sua biodisponibilidade para a biota do solo.

“Deste modo, será possível criar ferramentas que permitam identificar as áreas onde os esforços para redução do uso de cobre devem ser considerados prioritários”, explica Ruth Pereira, docente da FCUP e Diretora do GreenUPorto, que tem vindo a trabalhar no projeto com as investigadoras Anabela Cachada, Verónica Nogueira e Beatriz Neto Fernandes, estudante do doutoramento em Ciências Agrárias.

Posteriormente, esta equipa irá colaborar em ensaios de campo, com a Sogrape Vinhos, S.A e outros parceiros do consórcio, para avaliar a eficácia e segurança destes novos produtos e estratégias que vão ser desenvolvidos.

Projeto vai criar uma rede de stakeholders

A decorrer até fevereiro de 2023, o COPPEREPLACE vai ainda procurar estabelecer uma rede de stakeholders que integrará não apenas viticultores, mas também outros representantes do panorama vitivinícola internacional, com o objetivo de envolver todos os agentes interessados no projeto para que possam contribuir com conhecimento e experiência.

Neste consórcio internacional, liderado pela  Plataforma Tecnológica do Vinho, em Espanha, estão também envolvidas a Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense, o Instituto Francês do Vinho e da Vinha, o Centro de Valorização Ambiental do Norte, a Universidade Politécnica da Catalunha, o Vignerons Bio Nouvelle Aquitaine, a Fundação EURECAT, Família Torres, LBS (Gérard Bertrand), e Jean Leon.

O consórcio conta ainda com o apoio da consultora Artica Ingeniería e Innovación (artica+i), como gabinete técnico do projeto, prestando apoio na fase de desenvolvimento, assim como no acompanhamento e na justificação técnico-económica do COPPEREPLACE.