Chama-se CoAstro: Um Condomínio de Astronomi@ e junta investigadores e divulgadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e do Planetário do Porto – Centro Ciência Viva com professores do 1.º ciclo do ensino básico. O objetivo é envolver os participantes em investigação em astronomia e promover a divulgação dos resultados e dos processos científicos junto da comunidade escolar. Ao longo de um ano, a iniciativa chegou a mais de 1000 participantes.

Este é o primeiro projeto de ciência cidadã que, simultaneamente, contribuiu para a investigação de uma unidade de investigação nacional em astronomia e que contou com a participação de não especialistas.

Coordenado pelo Planetário do Porto – Centro Ciência Viva e desenvolvido na Unidade de Ensino das Ciências da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e no IA, o projeto conta com Ilídio André Costa, que desenvolveu esta iniciativa no âmbito da tese de doutoramento, como “administrador do condomínio“. O recém-doutorado está atualmente destacado no Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), a desenvolver trabalho no Planetário do Porto.

Sessão de apresentação dos resultados da investigação realizada. (Foto: Planetário do Porto – Centro Ciência Viva)

“O CoAstro permitiu perceber como um projeto de ciência cidadã, sem recursos humanos ou financiamento próprios, pode contribuir, com efeitos duradouros e abrangentes em termos de público, para que a escola se abra à comunidade e esta à escola, e para que o público se abra à investigação e esta se abra ao público”, salienta Ilídio André Costa.

Uma das orientadoras do projeto é Carla Morais, da FCUP, que acrescenta: “O projeto de ciência cidadã CoAstro permitiu que, ao longo de vários meses, professores do 1.º ciclo, astrónomos e divulgadores de ciência participassem de forma colaborativa em processos de investigação e de divulgação da astronomia”.

Professores do 1.º ciclo “tornaram-se” investigadores

Numa primeira fase, os professores do 1.º ciclo participaram em dois projetos de investigação do IA. No projeto “Estrelas”, os participantes analisaram espectros de estrelas-padrão e calcularam a respetiva luminosidade, recorrendo ao Data Release 2 da missão GAIA (ESA). No projeto “Planetas” e após aprenderem linguagem de programação Python, os professores produziram um vídeo do trânsito de Mercúrio.

 

Analisaram ainda curvas de luz de estrelas obtidas com o satélite TESS (NASA) pelo método dos trânsitos, para sinalizar, através da plataforma online Planet Hunters, a eventual presença de exoplanetas.

Numa segunda fase, desenvolveram iniciativas de divulgação de astronomia junto dos seus alunos e comunidade escolar, com o apoio de comunicadores e de investigadores do IA.

“O projeto constituiu-se como uma via de alcançar a consciencialização, a compressão e o envolvimento com a ciência e a com a natureza do conhecimento científico, tendo alcançado expressividade não apenas pela participação empenhada e competente de todos os intervenientes diretos, mas também pelo seu alargamento à comunidade destinatária das iniciativas de divulgação – grupos de professores, alunos, encarregados de educação, outros membros da comunidade educativa”, comenta Carla Morais, que também é investigadora no Centro de Investigação em Química da Universidade do Porto (CIQUP).

Para o investigador do IA e diretor do Departamento de Física e Astronomia (DFA) da FCUP, Mário João Monteiro: “este projeto, enquanto estudo de caso, foi importante ao permitir explorar a forma como comunidades distintas – divulgadores, investigadores, professores – podem colaborar para benefício de todos os envolvidos, tendo ainda um impacto significativo nas comunidades ligadas a estes profissionais. A astronomia pode efetivamente ser um bom ponto de partida para reforçar o papel e a importância da Ciência na sociedade através de um projeto de Ciência Cidadã com características muito particulares”.