A sessão solene reuniu no Salão Nobre da Reitoria os representantes dos corpos académicos e os líderes das principais instituições da região. (Foto: Egídio Santos / U.Porto)

A celebrar 107 anos de vida, a Universidade do Porto está hoje “num patamar nunca antes atingido na nossa história”. A afirmação é do Reitor da U.Porto, Sebastião Feyo de Azevedo, que durante a sua intervenção na sessão solene do Dia da Universidade fez questão de reafirmar a posição da instituição no contexto internacional.

“Pode dizer-se com segurança que a U.Porto se encontra entre as 350 melhores universidades do mundo, sendo que em várias áreas se situa, a nível Europeu, confortavelmente nos 100 primeiros lugares”, continuou Sebastião Feyo de Azevedo, lembrando que a U.Porto é “uma instituição que, pela sua reputação, ganhou a confiança pública que a faz ser a mais procurada do país pelos jovens do Ensino Secundário”.

Como frisou o Reitor, a Universidade do Porto tem vindo a “trilhar uma trajetória ascendente de qualidade, em todas as áreas, como todos os indicadores de atividade o indicam”, destacando a título de exemplo os dados recentemente tornados públicos que colocam a U.Porto como a instituição portuguesa com o maior número de pedidos de registo de patentes na Europa e a instituição responsável por quase um quarto da produção científica nacional.

Sebastião Feyo de Azevedo destacou que a U.Porto está hoje “num patamar nunca antes atingido na nossa história”. Foto: Egídio Santos / U.Porto

Mas o discurso de Sebastião Feyo de Azevedo no Dia da Universidade do Porto serviu não só de balanço do último ano de atividade da instituição, como também de lançamento dos desafios futuros que a Universidade vai ter de enfrentar, partindo da questão estratégica “Como será um dia na vida de um estudante em 2030?”.

Partindo desta premissa, o Reitor da U.Porto reforçou a necessidade de inovar no campo pedagógico: “A AcademiaUP, criada neste mandato, é já uma realidade, sendo interface e repositório de oferta formativa preparada por docentes e investigadores nesta nova visão de formação online“. Além disso, Sebastião Feyo de Azevedo ainda ressaltou a importância da internacionalização – um desafio “que decorre do processo de globalização do mundo”. Na verdade, é importante haver uma simultaneidade de cooperação e competição entre diferentes instituições, “de forma a ganharmos escala, massa crítica e notoriedade”. O futuro? Estará tão longe “como os carros automáticos sem condutor” e poderá passar por Universidades europeias.

Dia da Universidade 2018

Determinante para o futuro da instituição serão também as questões do alojamento estudantil e da empregabilidade dos diplomados. Nestes campos, o Reitor adiantou os esforços que a U.Porto está a fazer em conjunto com outras instituições de ensino superior da região para desenvolver novas soluções de alojamento, enquanto que, no domínio da empregabilidade, Sebastião Feyo de Azevedo lembrou a recente assinatura de mais de 50 protocolos com autarquias de todo o país com o propósito de ligar mais diretamente as pequenas e médias empresas, representadas pelos municípios, ao talento da Universidade do Porto.

O Reitor terminou a sua intervenção com uma abordagem ao “grande desafio do património edificado”, também retratado no 106.º aniversário da U.Porto. O programa que representa um investimento total de 45 milhões de euros conseguiu iniciar as obras de reestruturação da Faculdade de Economia e concluir “a requalificação da envolvente exterior da Faculdade de Arquitetura”. Os próximos passos deverão passar pelo combate a algumas “urgências” confirmadas pelo representante dos estudantes, Marcos Teixeira: a intervenção nas faculdades de Direito e de Belas Artes. Além disso, há planos para instalar a “Faculdade de Ciências da Nutrição no antigo edifício do IBMC/INEB” e reabilitar o “Palacete Burmester, na Faculdade de Letras”.

Augusto Santos Silva, Ministro dos Negócios Estrangeiros, foi o orador convidado da cerimónia do 107.º aniversário da U.Porto. Foto: Egídio Santos / U.Porto

A cerimónia comemorativa do Dia da Universidade teve como orador convidado o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que aproveitou a ocasião para uma palestra sobre o estado de Portugal no Mundo, em que o antigo estudante e professor da U.Porto se mostrou um crente “na possibilidade do diálogo entre o ‘conhecer’ e o ‘agir’”, querendo aplicar esta convicção ao tema da imagem de Portugal.

Assim sendo, passou a dar a “conhecer” o país e a sua imagem no mundo. A apresentação partiu de três perguntas base “que cruzadas parecem ser boas linhas condutoras para a nossa reflexão”, explicou: “Como nos situamos em comparação com os outros? Como é que o nosso agir se enquadra na comunidade internacional? Quais os recursos que podemos mais bem mobilizar para que a nossa situação melhore?”.

Partindo do princípio de que os jornalistas tendem a olhar para a realidade de forma negativa e os políticos de forma positiva, o Ministro convidou “os cientistas a olhar de forma transversal” apresentando vários indicadores para cada uma das questões. Os assuntos passaram pela emigração, pela formação de comunidades portuguesas no mundo (presentes em 178 países) e ainda pelo recurso que é a língua portuguesa. Conclusões? Portugal está bem identificado e é conhecido (“somos reconhecidos internacionalmente”) e “o conhecimento pode sempre ajudar a política pública democrática”.

Artur Santos Silva, presidente do Conselho Geral, e Miguel Cadilhe, presidente do Conselho de Curadores também discursaram sobre os planos futuros da instituição. Foto: Egídio Santos / U.Porto

Além do Reitor e do Ministro de Negócios Estrangeiros, também Artur Santos Silva, presidente do Conselho Geral, e Miguel Cadilhe, presidente do Conselho de Curadores, tiveram a palavra na cerimónia. Ambos fizeram uma reflexão retrospetiva do crescimento da U.Porto assim como o papel da instituição na sociedade, não esquecendo o trabalho futuro a fazer. “Em 2020, 60% dos jovens vão estar no ensino superior. Há, pois, muito a fazer”, afirmou Artur Santos Silva. O presidente do Conselho Geral sublinhou a necessidade de “converter mais capacidade de gerar conhecimento em valor económico, através da inovação”, explicando que a Universidade tem capacidade para “prestar mais serviços às empresas, ao poder local e à administração central do Estado”.

Já Miguel Cadilhe fez questão de destacar que “a Universidade do Porto é hoje comparável a um grande grupo empresarial”. “O grupo U.Porto, juntando todas as suas unidades – escolas, associações, participadas –, ultrapassa já a centena de entidades. Se tivéssemos um orçamento consolidado, estaríamos a falar numa dimensão das centenas de milhões de euros”, explicou o presidente do Conselho de Curadores. Uma dimensão que coloca alguns desafios de “exercício do poder” que Miguel Cadilhe espera poderem estar solucionados até ao cumprimento do atual Plano Estratégico da Universidade do Porto para 2020.

Ainda houve espaço para uma intervenção de Miguel Magalhães, representante dos trabalhadores, que focou o novo conceito da “sociedade 5.0” resultante de sucessivas reformas e revoluções modernas. Há uma importância crescente em intensificar o papel humanitário, de responsabilidade social e de solidariedade das instituições.

O dia premiou ainda o talento da U.Porto com vários galardões para estudantes e professores. Foto: Egídio Santos / U.Porto

O Dia da Universidade ainda ficou marcado pelo reconhecimento de Álvaro Siza Vieira como figura emérita da comunidade académica. “Decidimos atribuir-lhe a Medalha de Mérito da Universidade do Porto como forma de enaltecer a genialidade da sua obra arquitetónica, que é hoje, para nosso orgulho, património cultural da instituição”, explicou o Reitor. Não podendo estar presente, Siza Vieira vai receber a medalha numa cerimónia dedicada, a anunciar em breve.

Além dos discursos, houve ainda lugar à entrega dos prémios de Excelência Pedagógica, Cidadania Ativa e Incentivo, assim como a estreia do novo prémio de Excelência na Investigação Científica. Terminada a sessão, os intervenientes foram convidados a participar na Corrida / Caminhada que assinala o aniversário da U.Porto. Vai ser ainda promovido um concerto da Orquestra Clássica da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), no Teatro Rivoli.