São 36 cursos e abarcam desde ferramentas para melhorar o ensino e aprendizagem a recursos tecnológicos para usar em contexto de sala de aula. Mas neles cabem também a promoção da igualdade de género ou o combate à discriminação e ao plágio. Juntos, dão corpo ao Plano de Formação para Docentes da Universidade do Porto para 2022/2023, uma iniciativa da Unidade de Inovação Educativa da U.Porto que tem como objetivo promover a atualização de conhecimentos dos docentes nas diferentes áreas da pedagogia.

Agrupadas por oito grandes temáticas, as formações oferecidas a toda a comunidade docente da U.Porto resultam do levantamento de necessidades realizado no início do ano letivo junto dos professores, bem como das respostas dos estudantes aos inquéritos pedagógicos promovidos pela Universidade.

Uma terceira preocupação, em linha com o plano estratégico da U.Porto, passou por “facultar o máximo de oportunidades possível para que os docentes se sintam incentivados ou desenvolvam mais segurança na conceção e implementação de processos pedagógico-didáticos inovadores e inclusivos, com foco na aprendizagem centrada no estudante baseada na resolução de problemas, na investigação, no desenvolvimento de projetos, entre outras modalidades possíveis”, apresenta Sónia Rodrigues, Pró-Reitora para a Inovação Pedagógica na U.Porto.

Preocupações que convergem então num Plano orientado para o “aprofundamento e atualização pedagógico-didática dos docentes”, mas que tem como fim último “o desenvolvimento pleno do potencial de todos os estudantes”.

“A aposta da U.Porto, neste domínio, é a de valorizar os docentes e o trabalho que desenvolvem para proporcionarem à comunidade estudantil um ensino de qualidade e uma formação integral e inovadora, alinhada com a época em que vivemos”, sentencia a Pró-Reitora.

“A sala de aula não é um espaço isolado”

As primeiras formações decorreram em dezembro de 2022, em formato online. Desde então, os professores interessados já tiveram a oportunidade de participar – gratuitamente – em cursos de inglês académico, aprender estratégias de “ludificação da aprendizagem” ou trabalhar a “Voz e técnica vocal” em contexto de sala de aula.

Até final do ano letivo, a oferta de formações abarcará ainda o uso de ferramentas como o Moodle, o Turnitin (para prevenção de plágio) ou o Panopto (para gestão de vídeo), sessões de mindfulness, entre outras “ações dirigidas para o desenvolvimento de competências específicas dos processos de produção de recursos educativos, de utilização de metodologias e ferramentas apropriadas ao ensino a distância ou ao ensino híbrido, ou à gestão da aula”.

Neste Plano «a la carte» cabe ainda a reflexão sobre temas como a discriminação ou a igualdade de género na sala de aula. E não é por acaso…”Ensinar e aprender ocorrem num contexto interacional”, avisa Sónia Rodrigues. O mesmo é dizer que “a sala de aula não é um espaço isolado do mundo e da sociedade de hoje”.

“A conceção de aula tem vindo a assumir configurações novas, em resultado de modalidades de ensino e aprendizagem baseadas na tecnologia digital. Apesar disso, a matriz desse processo é relacional e interacional”, aprofunda a Vice-Reitora, justificando assim “a necessidade de atenção a temas como o da discriminação, do discurso de ódio, da igualdade de género, da diversidade, entre outros”.

O caminho para o “professor ideal”?

Docentes dotados de competências tecnológicas avançadas e com preocupações inclusivas. Estará traçado o perfil do “professor perfeito”? Sónia Rodrigues recusa a simplificação: “Essa pergunta terá tantas respostas quantas as que forem dadas por cada um dos docentes, dado que a idealização do professor depende também das vivências de cada um e da perspetiva que cada um tem de educação, de formação e da função de professor”, nota.

Para a Pró-Reitora, o objetivo “não é o de uniformizar um perfil específico de professor”. Em vez disso, “o que nos parece fundamental é criar oportunidades e espaço de partilha, de ampliação de conhecimento, de discussão e de reflexão conjunta sobre a prática pedagógica de modo a que cada docente desenvolva a sua própria compreensão acerca da influência que exerce sobre as aprendizagens”.

Neste âmbito, “é esperado que os docentes se disponibilizem para processos de reflexão cooperativa, de experimentação e de questionamento sobre o ensino e a aprendizagem”. Tudo “para que se supere uma visão estrita de ensino entendido como ação de transmissão de conhecimento certificado unicamente por exame”.

Espaço para melhorar

Através do Plano em curso, a U.Porto dá assim seguimento a um conjunto de ações que vêm sendo implementadas nos últimos anos, no domínio da capacitação do corpo docente para os desafios do ensino e aprendizagem.

“A adesão dos professores tem oscilado em função das necessidades. Durante a pandemia, por exemplo, a formação atingiu níveis elevados de adesão, tendo sido realizadas 89 ações”, refere Sónia Rodrigues.

A Pró-Reitora lembra que “há, contudo, um grande percurso de melhoria a realizar”. E recorre às estatísticas: “No inquérito por questionário realizado, 46% dos docentes afirmou não ter frequentado ações de formação promovidas pela unidade de Inovação Educativa”.

Para mudar essa realidade, a U.Porto aposta numa receita que implica “diversificar a oferta formativa, modernizar o modo de divulgação, e proporcionar melhores condições de realização”.

Como? Entre as medidas planeadas inclui-se, por exemplo, “a criação de um espaço de formação dotado das condições logísticas adequadas para uma formação mais apetecível e mais adequada aos dias de hoje, dotado com tecnologia apropriada a metodologias ativas e a modalidades presencial e a distância de ensino e aprendizagem”.

“Em preparação”, segundo Sónia Rodrigues, estão também “a realização de oficinas de partilha pedagógico-didática e a divulgação através de formatos audiovisuais que se propagam de modo mais ágil nas atuais plataformas digitais”.

Melhorias que, uma vez concretizadas, permitirão “responder mais prontamente às necessidades de formação que nos têm sido reportadas e aumentar a taxa de adesão dos docentes à formação planeada”. Mas que não podem vir sozinhas, adverte Sónia Rodrigues, “estas melhorias têm de ser acompanhadas de sinais claros de valorização da formação  dos docentes por parte das diversas unidades orgânicas, com expressão, por exemplo, na avaliação de desempenho”.

Para mais informações (datas, descrição dos cursos e inscrições), consultar o Plano de Formação para Docentes da Universidade do Porto para 2022/2023.