Em Portugal, três em cada quatro doentes com rotura de aneurisma da aorta abdominal não sobrevivem e mais de um terço dos pacientes não chegam sequer ao hospital, o que sugere a necessidade de melhorar o planeamento da rede hospitalar.

Esta é uma das conclusões de um trabalho de investigação que tem como primeira autora Marina Dias-Neto, professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), com coordenação de Sérgio Sampaio, professor da FMUP e investigador do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde.

De acordo com o estudo publicado no European Journal of Vascular and Endovascular Surgery, 2.275 doentes com mais de 50 anos tiveram uma rotura do aneurisma da aorta abdominal entre 2000 e 2015, tendo 1460 destes doentes sido admitidos em hospitais públicos.

A incidência deste problema tem-se mantido estável, em Portugal, nos últimos anos estudados. Já a mortalidade total registou um aumento, atribuído às mortes ocorridas fora dos hospitais, que representam cerca de metade das 1710 mortes registadas naquele período.

Mortalidade fora do hospital é preocupante

Como alertam os autores, “a mortalidade fora do hospital continua a ser um motivo de preocupação”, justificando “um melhor planeamento da rede de Cirurgia Vascular em Portugal”.

Os dados deste estudo devem refletir, antes de mais, problemas no acesso a departamentos de Cirurgia Vascular e a tratamentos especializados neste tipo de aneurismas, designadamente na região Sul e no interior do país.

“Os departamentos vasculares que receberam doentes com rotura de aneurisma da aorta abdominal estão localizados no Litoral Norte e Centro do país. A população do Sul e do Interior não tem acesso próximo a cirurgia vascular especializada”, indicam.

A rotura de aneurisma da aorta abdominal é uma condição potencialmente mortal que exige tratamento imediato num departamento hospitalar especializado. Os sintomas incluem dor lombar ou abdominal de aparecimento súbito, bem como síncope ou pré-sincope, e devem ser tratados como uma emergência.