No seguimento daquela que é uma iniciativa inédita no contexto do Ensino Superior em Portugal, a Universidade do Porto inicia esta sexta-feira, 27 de novembro, a segunda fase do programa de testes serológicos para pesquisa de anticorpos específicos para o vírus SARS-CoV-2 – causador da Covid-19 – entre a comunidade académica.

À semelhança do que aconteceu na primeira fase, iniciada em junho passado, também esta segunda etapa irá abranger, num primeiro momento, apenas os funcionários docentes e não docentes das diferentes faculdades, centros de investigação e restantes organismos da Universidade. Numa fase posterior, serão abrangidos os restantes membros da comunidade.

Levados a cabo pelo Instituto de Saúde Pública da U.Porto (ISPUP), os testes serológicos permitem detetar a presença de anticorpos específicos para o vírus SARS-CoV-2 das classes IgM e IgG. Estes testes não servem para o diagnóstico da COVID-19, nem para identificar infeção ativa por SARS-CoV-2, pretendendo antes informar sobre um possível contacto anterior com o vírus determinado pela presença de anticorpos.

O procedimento demora cerca de dez minutos e consiste na análise de uma gota de sangue, recolhida através de uma picada no dedo. Será ainda aplicado um breve inquérito epidemiológico para avaliar a possibilidade de contacto com casos suspeitos ou confirmados de COVID-19.

A recolha e processamento das amostras serão realizados por médicos, enfermeiros e técnicos do ISPUP. Os resultados dos testes são confidenciais e comunicados apenas ao próprio trabalhador.

Onde e como fazer o teste?

A recolha de amostras decorre no edifício histórico do ICBAS –  Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (Largo Abel Salazar, 2, junto ao Centro Hospitalar Universitário do Porto / Hospital Santo António), entre as 9h00 e as 18h30 de todos os dias úteis.

Os trabalhadores que desejarem participar no programa – independentemente de terem participado ou não na primeira fase dos testes – deverão agendar o seu teste junto da Unidade de Saúde Ocupacional do ISPUP, através da plataforma online criada para o efeito.

A participação no programa é totalmente gratuita e voluntária, não existindo quaisquer consequências para quem optar por não fazer o teste.

O que sabemos até agora…

A primeira fase desta avaliação seroepidemiológica contou com a participação de 3628 trabalhadores docentes e não docentes. Destes, 122 (3,4%) tiveram um resultado reativo para IgM e 37 (1,0%) para IgG, sendo que 7 (0,2%) tiveram um resultado reativo para ambas.

Foi proposto aos 122 trabalhadores com resultado reativo para IgM, a realização de colheita de exsudado da naso e orofaringe para teste de RT-PCR. Todos os que aceitaram fazê-lo tiveram um resultado negativo.

A todos os 152 trabalhadores que tiveram um qualquer resultado reativo, e a 252 trabalhadores com resultados não reativos, foi igualmente proposta a colheita de uma amostra de sangue para uma análise posterior por outro método analítico. Dos 121 trabalhadores com resultado reativo para IgM que aceitaram a colheita de sangue, 12 (9,8%) tiveram resultado positivo usando o outro método analítico.

Dos 37 trabalhadores com resultado reativo para IgG, 29 (78,4%) tiveram resultado positivo usando o outro método. Entre os 252 trabalhadores com resultados não reativos no teste rápido, nenhum teve pesquisa de IgM ou IgG positiva com outro método.

Globalmente, os resultados da primeira fase de testes demonstraram um contacto com o novo coronavírus entre os trabalhadores da U.Porto menor do que o que já foi encontrado em outras amostras, sejam da população universitária ou geral, e em Portugal e no estrangeiro. Algo que, para os investigadores equipa do ISPUP, pode ser explicado pelo facto de uma proporção muito elevada dos trabalhadores da Universidade ter estado, e permanecer, em regime de teletrabalho.

Trabalho em curso

Para além dos funcionários, o programa vem envolvendo também os estudantes dos diferentes ciclos de estudo da U.Porto. De resto, todos os estudantes que ainda não participaram no programa podem também continuar a agendar a realização do seu primeiro teste.

Como explicou o Reitor da U.Porto no arranque do projeto, “a nossa intenção é tirar uma fotografia desta população agora, mas ir repetindo essa fotografia ao longo do ano, para perceber como é que a comunidade evoluiu e se foi adquirindo imunidade ao vírus”.

Também o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), Manuel Heitor, já elogiou por diversas vezes a decisão da Universidade em avançar com a realização de testes serológicos no seio da comunidade académica, considerando-a não só “inédita a nível académico”, como merecedora de “ser replicada nas outras instituições do país”.

Mais informações aqui, ou através do e-mail [email protected].