A equipa da Immunethep é responsável pelo desenvolvimento da vacina PNV1, eficaz contra bactérias multirresistentes. (Foto: DR)

As infeções bacterianas são uma das principais causas de morte em todo o mundo, mais ainda quando falamos de bactérias multirresistentes. E combatê-las tem sido o principal foco da Immunethep, uma empresa spin-off da Universidade do Porto que nasceu em 2014 e cujo trabalho acaba de ser reconhecido pela Fundação Bill & Melinda Gates (BMGF).

Tendo por base uma nova abordagem científica, a empresa da área da biotecnologia tem vindo a desenvolver imunoterapias antibacterianas capazes de proteger uma ampla gama de segmentos populacionais, desde recém-nascidos até idosos. Desde 2015 (com a ajuda de um outro financiamento, desta vez da Portugal Ventures) que a Immunethep está a realizar ensaios pré-clínicos com a vacina PNV1, uma imunoterapia desenvolvida com base na descoberta de um novo mecanismo de imunossupressão partilhado por algumas das bactérias mais perigosas e mortais (Staphylococcus Aureus, Streptococcus Pneumoniae, Klebsiella Pneumoniae, Escheria Coli e Group B Streptococcus).

Foi de resto a eficácia do modelo pré-clínico, que apresentou uma ampla gama de proteção, aliada aos resultados de segurança provados, que suscitou o interesse da Fundação liderada por um dos homens mais ricos do mundo. Para Bruno Santos, CEO da spin-off, a grant atribuída pela BMGF – cujo valor não foi revelado – vai permitir “impulsionar o desenvolvimento de uma linha inteira de produtos baseados em anticorpos”.

A PNV1 é a primeira vacina eficaz na prevenção de infeções provocadas por todos os serotipos de um conjunto de bactérias, incluindo multirresistentes. Foi desenvolvida no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) numa equipa liderada pela investigadora Paula Ferreira e da qual fazia parte Pedro Madureira, agora Diretor Científico da Immunethep. Em 2014, e depois de muitos anos de investigação e de um trabalho intensivo de investigação aplicada desde 2012, assinou-se o contrato de licenciamento com a Universidade do Porto e a Immunethep. Este grant é mais uma conquista da spin-off, que gerou muito orgulho: “A confiança que a BMFG depositou na empresa é uma motivação adicional para avançarmos com o nosso programa clínico”, refere Pedro Madureira.

Neste momento, a empresa de Cantanhede está focada no desenvolvimento dessas imunoterapias e toda a sua investigação e linha de produtos tem sempre como objetivo principal “endereçar necessidades médicas para as quais ainda não existam soluções eficazes”, conclui o Diretor Científico.