A Smartex nasceu em 2018 por iniciativa de António Rocha, Gilberto Loureiro (CEO) e Paulo Ribeiro, todos eles antigos estudantes da Faculdade de Ciências da U.Porto. (Foto: DR)

“A entrada no Fashion for Good (FFG) surge numa altura crítica da nossa startup”. São palavras de Gilberto Loureiro, CEO da Smartex e uma das três mentes por trás da solução que promete poupar milhões à indústria têxtil. O programa foi criado em 2017 e é dirigido a startups que respondam a desafios de sustentabilidade e economia circular. Depois da China e de Sillicon Valley, a spin-off da U.Porto ruma agora a Amsterdão onde vai estar durante três meses.

A oportunidade surgiu através de um contacto direto da Smartex. Como explica Gilberto Loureiro, os três empresários – ao CEO juntam-se ainda António Rocha e Paulo Ribeiro, todos eles antigos estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) – sempre foram “muito ativos a contactar aceleradores, parceiros, investidores e clientes” e essa atitude permitiu-lhes assegurar parcerias com empresas líderes no setor, como a PVH (Calvin Klein, Tommy Hilfiger etc.) ou da Decathlon. A entrada no programa vai permitir-lhes estabelecer novas parcerias, tanto de desenvolvimento como comerciais, com alguns dos maiores players da indústria da moda, como é o caso da Adidas, a C&A ou o Grupo Lafayette.

No início de 2019, os jovens empresários mudaram-se para a China, onde passaram sete meses a trabalhar no programa HAX – o maior programa de aceleração de empresas de hardware do mundo. Além da experiência e aprendizagem, esta experiência valeu à Smartex um investimento de 250 mil dólares (cerca de 220 mil euros). Seguiram-se depois dois meses em Sillicon Valley, em busca de financiamento, e agora a participação no programa europeu que, por sua vez, dará acesso a investimentos que vão desde os 25 mil até aos 100 mil euros.

“É importante esclarecer que o FFG não é ainda nosso investidor, apesar de o processo de investimento estar bastante avançado e eles se poderem juntar ao investimento Seed que estamos a fechar com nomes muito conhecidos de Silicon Valley”, refere Gilberto Loureiro.

Incubada na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto, a Smartex nasceu em 2018. Ainda nesse ano, recebeu o selo de spin-off da Universidade do Porto. A tecnologia  desenvolvida pela empresa atua na indústria têxtil, onde é capaz de detetar defeitos logo no início do processo de produção. Recorrendo a sistemas de visão computacional e inteligência artificial, a solução da Smartex alerta os trabalhadores em caso de falha. Quando esta é cíclica, a produção é interrompida. Esta é, pois, uma solução capaz de poupar milhões à indústria têxtil: “A solução reduz os defeitos de produção para perto de 0%, diminui o desperdício e a produção têxtil defeituosa” refere Gilberto Loureiro.

Atualmente, a Smartex encontra-se na fase de investimento seed e a procurar recursos humanos, em diversas áreas, para aumentar a equipa: “Esta expansão vai-nos permitir responder a pedidos que temos tido de clientes de todo o mundo. Não temos tido mãos a medir e há empresas em praticamente todos os continentes a pedir os nossos sensores”, refere Gilberto Loureiro.

Apesar de terem recebido propostas aliciantes para se instalarem em Los Angeles, os planos para o futuro próximo passam por manter o departamento de engenharia no Porto, que consideram como um “local estratégico devido ao ecossistema, proximidade a fábricas parceiras, preços, etc”.  No que diz respeito ao negócio, têm já “contratos de vendas para centenas de instalações”, conclui o CEO.