As UAVs (Unmanned Aerial Vehicles) e RPAS (remote piloted aircraft systems), vão patrulhar fronteiras. (Foto: Força Aérea Portuguesa)

A União Europeia, especialmente os países mediterrâneos, tem enfrentado uma série de desafios com a travessia ilegal de fronteiras. O projeto SUNNY, que conta com a colaboração do INESC TEC, surge, assim, da necessidade de fortalecer a segurança fronteiriça para controlo de migrações e, sobretudo, no combate ao crime.

Atualmente, as aplicações que existem para este fim envolvem apenas uma aeronave isolada e com sensores que não são processados a bordo. Ao contrário, o SUNNY prevê o processamento de informação, a utilização de múltiplas aeronaves em conjunto no patrulhamento, um sistema de deteção, identificação e classificação automático, comunicações redundantes, ar-ar, ar-terra, um centro de comando e controlo único e aeronaves com voo autónomo com capacidade de integrar a perceção no loop de controlo. O SUNNY é capaz de alterar o comportamento sensorial, de processamento ou trajetória das aeronaves, de forma automática, sem intervenção humana e em função do fenómeno que está a ser observado.

O sistema foi todo demonstrado em ambiente real com sucesso e os sensores e robôs desenvolvidos no âmbito do projeto estão já a ser comercializados pelos respetivos parceiros do projeto. No entanto, existem ainda uma série de constrangimentos à utilização de aeronaves não tripuladas na legislação de voo, o que faz com que ainda não seja possível utilizar um sistema tão complexo como o do SUNNY sem qualquer tipo de restrições.

“O sistema integrado do SUNNY ainda não é possível ser usado sem restrições, e aqui friso o ainda. Porém, os componentes de forma isolada já estão a ser comercializados. Dou o exemplo do sistema de imagem hiperespectral que foi produzido, que está a ser comercializado por uma empresa finlandesa ou o sistema de radar que está a cargo de uma empresa holandesa. No caso dos robôs, ou seja, as aeronaves, estão a ser comercializadas por uma empresa grega e há uma delas que pertence à Força Aérea Portuguesa”, explica Hugo Silva, investigador sénior do INESC TEC.

O INESC TEC foi a entidade responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de processamento a bordo das aeronaves, da sua utilização, e integração nas aeronaves e de toda a informação enviada para terra para posterior análise na estação de comando e controlo do sistema. O Instituto também participou ativamente no desenvolvimento da solução de comunicações wireless, que permite às aeronaves comunicarem entre si e com a estação de comando e controlo.

O objetivo passa agora por integrar estas soluções em ambiente industrial e empresarial nos meios da defesa e segurança, mas também em aplicações de âmbito civil, como sistemas para busca e salvamento e sistemas de monitorização ambiental.

Este projeto foi coordenado pela BMT Group (Reino Unido), contou com a participação de três parceiros portugueses – INESC TEC e Ministério da Defesa Nacional (CINAV e Força Aérea), dos holandeses da MetaSensing, dos belgas da XENICS, da TECNALIA e da TTI Norte (Espanha), dos gregos da Technical University of Crete, do KEMEA, do National center for scientific research “Demokritos” e Altus LSA Commercial and Manufacturing, da SPECIM (Finlândia), Vitrociset, Consorzio Nazionale Interuniversitario per le telecomunicazioni e Leonardo – societa per azioni, e da Marlo (Noruega). Foi financiado em quase 10 milhões de euros pela Comissão Europeia