O Reitor da Universidade do Porto e os diretores das Faculdades de Medicina (FMUP), Medicina Dentária (FMDUP) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) são os curadores de DEPOSITORIUM 2 , título da exposição que, a partir 2 de dezembro, leva ao público um conjunto de peças das coleções de cerâmica, desenho, escultura, lapidária e pintura, escolhidas da reserva do Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR).

Como médico e investigador em Biomedicina, o Reitor da U.Porto selecionou pinturas e desenhos que remetem para a atividade médica e que representam “de forma crua e, muitas vezes, pungente, o sofrimento humano e a própria morte”. António de Sousa Pereira recorda que “a dor, a doença, a agonia e o passamento estão ilustrados em grandes obras de arte de todos os tempos”, dando o exemplo “da extraordinária força iconográfica das Pietà que marcaram a história da arte a partir do final do século XIII.

A imagem da Virgem segurando, resignada, o seu filho morto, é todo um tratado sobre o sofrimento e a finitude humana a que poucos ficam indiferentes”. Um universo imagético, sublinha o Reitor, que “não difere muito do que nós, médicos, observamos diariamente em hospitais e consultórios”.

As obras de arte são também, diz-nos António de Sousa Pereira, “uma forma de estimular a empatia e a compaixão que inapelavelmente a medicina exige, para que esta não se confunda com uma mera aplicação de terapias despida de sentimentos”.

Às peças selecionadas pelo Reitor, juntam-se as que foram escolhidas por Altamiro da Costa-Pereira, Miguel Pinto e Henrique Cyrne Carvalho, diretores da FMUP, da FMDUP e do ICBAS, respetivamente.

“O remédio”, de José Malhoa (1855 – 1933), é outra das obras que fará parte da exposição.

Uma reflexão sobre arte e medicina

Com esta exposição, o MNSR permite o acesso a obras que têm permanecido nas reservas do Museu propondo, em simultâneo, uma reflexão sobre arte e medicina, conceitos historicamente interligados.

“São estreitos os laços que unem este mundo profissional da saúde ao dos museus: ambos se assumem como guardiões, uns do património humano, do seu corpo e da sua mente, e outros do património cultural, material e imaterial”, afirma o Diretor do MNSR, António Ponte. E acrescenta: “Nunca antes se complementaram tanto, sendo hoje, muitas vezes, a arte prescrita como uma terapêutica e forma de prevenção da doença”.

O circuito expositivo inclui desenhos de anatomia de António Soares dos Reis e pinturas a óleo do século XIX alusivas às ciências médicas e assinadas por artistas portugueses como Artur Loureiro, Aurélia de Sousa e José Malhoa. Fazem ainda parte da exposição esculturas de Soares dos Reis e de Teixeira Lopes, Pai. A peça mais antiga é uma estela funerária, datada do século II, recolhida na Serra de Santa Justa, em Valongo.

Resultado de uma parceria com a Casa Comum da U.Porto, a exposição DEPOSITORIUM 2 vai estar patente ao público até ao segundo trimestre de 2022 e pode ser visitada de terça- feira a domingo, das 10h00 às 18h00 (última entrada às 17h30), no Museu Nacional de Soares dos Reis.

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