O que vos peço é que confiem nas instituições”. O apelo foi feito por António de Sousa Pereira, Reitor da Universidade do Porto, durante o Webinar organizado esta terça-feira pela U.Porto, com o objetivo de esclarecer a comunidade académica sobre as recomendações emitidas pela Universidade para a retoma da atividade presencial.

Nas palavras iniciais, o Reitor da Universidade do Porto voltou a reforçar que “o retomar de atividades será gradual” e dentro “daquilo que é considerado absolutamente essencial”. Em causa estão algumas áreas do conhecimento em que “não é de todo possível fazer o ensino à distância”.

António de Sousa Pereira realçou que “temos uma responsabilidade universitária”, já que “não podemos atestar que alguém adquiriu um determinado número de competências, sem termos a certeza”. E lembrou aos estudantes que “não é só o prestígio da Universidade que está em causa, é o valor social dos diplomas que vão ter em mão”.

A retoma das atividades presenciais será feita “de forma cautelosa e com todas as questões de segurança garantidas”, afirmou o Reitor. A Universidade do Porto, através dos seus grupos de trabalho definidos para a Covid-19 continuará a acompanhar a situação de forma permanente. “Todas as medidas serão concertadas com as recomendações das autoridades de saúde. A Universidade tem sempre um Plano B que acionará no caso de não permitir que as atividades presenciais sejam retomadas”, realçou.

O webinar começou com uma breve apresentação da médica de saúde pública Teresa Leão, que abordou, em traços gerais, as características da doença de Covid-19. O meio de transmissão, os sintomas, os cuidados a ter, a permanência do vírus nas superfícies (nos livros, papel, cartão, etc) foram alguns dos conceitos abordados. Teresa Leão apresentou também as recomendações para a realização de aulas e exames presenciais, com indicações de limitação de tempo e da proximidade física, redução do número de pessoas nos espaços da Universidade e reforço da higienização.

Ainda sobre a pandemia de Covid-19, Henrique Barros, presidente do Instituto de Saúde Pública da U.Porto (ISPUP) e do Conselho Nacional de Saúde, apresentou também algumas análises sobre a evolução da doença em Portugal e no mundo.

Uso de máscara é obrigatório dentro das instalações

Face à questão “Será obrigatório o uso de máscara nas instalações da Universidade do Porto e quem providenciará as máscaras à comunidade académica?”, José Castro Lopes, Pró-Reitor da Universidade do Porto, voltou a reforçar a obrigatoriedade do uso de meios de proteção individual por toda a comunidade e por qualquer visitante ou fornecedor que se desloque às instalações.

“A Universidade do Porto vai disponibilizar máscaras de uso comunitário/social a todos os colaboradores. As máscaras poderão ser reutilizadas e lavadas”, esclareceu o também coordenador da Task-Force da U.Porto para a Covid-19. Já os estudantes devem deslocar-se com a sua própria máscara, mas teremos “máscaras descartáveis para fornecermos no caso de não tiverem quando se apresentarem nas faculdades”.

O Pró-Reitor da U.Porto abordou também as medidas previstas no que toca ao distanciamento físico recomendado. José Castro Lopes respondeu também a questões relacionadas com o uso de bibliotecas nas faculdades.

Testes serológicos serão apenas uma “amostra”

Várias foram também as questões colocadas sobre a quem e como serão feitos os testes serológicos anunciados pela U.Porto. De acordo com José Castro Lopes, “os testes não vão ser feitos de forma generalizada a toda a comunidade académica, mas sim por amostragem, a voluntários que queiram fazer, nas respetivas unidades orgânicas e à medida que são retomadas as atividades presenciais”.

“Não é um teste de diagnóstico, mas permite perceber se a pessoa tem anti-corpos”, elucidou o Pró-Reitor. Os resultados do teste serão registados e será anunciado, brevemente, como serão organizados.

Época especial para estudantes deslocados ou de grupos de risco

Relativamente às questões letivas, “o retorno às componentes práticas está permitido desde que cumpridas as condições de higiene e segurança já descritas”, assumiu Maria de Lurdes Correia Fernandes, Vice-Reitora da Universidade do Porto.

De acordo com a Vice-Reitora, o calendário escolar mantém-se de uma forma generalizada, salvo algumas exceções. Já as modalidades de avaliação vão decorrer tanto à distância como de forma presencial, estando esta reservada apenas para os casos em que não seja possível “por via eletrónica ou  com as garantias de credibilidade”. E assegura: “As faculdades estão a ser preparadas para que possa haver avaliação presencial”.

Ainda no que toca à avaliação presencial, Maria Lurdes Correia Fernandes anunciou a criação de “uma época especial em setembro para estudantes internacionais ou estudantes que estão agora nas ilhas”. A todos os que se enquadrarem nestes casos, deve ser feita a prova de que estão fora de Portugal (ou do Continente) na altura da avaliação e, desta forma, poderão realizar a época normal e/ou de recurso na primeira quinzena de setembro.

“Cerca de 80% dos estudantes da Universidade do Porto são residentes na Área Metropolitana do Porto ou nos concelhos em torno do Porto (..) e 75% dos estudantes internacionais estão em Portugal, embora alguns tenham já viagem marcada para regressarem aos seus países. Portanto, estamos a falar de uma minoria, mas desde que comprovem que estão incapacitados de se deslocar à cidade nesta altura, podem fazê-lo em setembro”, acrescentou a Vice-Reitora para a Formação e Organização Académica, também membro do Conselho Coordenador da Melhoria do Ensino-Aprendizagem da U.Porto (CCMEUP).

Esta época especial de setembro contemplará também os estudantes que integrem grupos de risco Para estes casos, serão identificadas outras modalidades de avaliação a distância, sem necessidade da presença nas instalações na Universidade.

Todas as avaliações a distância, para estudantes deslocados ou não, decorrem na época já prevista no calendário escolar.

Teletrabalho é a recomendação

Já sobre a situação dos trabalhadores não-docentes, coube a João Carlos Ribeiro, Administrador da U.Porto, lembrar que “a recente legislação define como obrigatória a adoção do teletrabalho, sempre que as funções em causa o permitam”. Nesse sentido, as pessoas que estão em teletrabalho, continuarão em teletrabalho“.

No caso dos colaboradores pertencentes aos grupos de risco, tal como se pode ler nas recomendações já emitidas, deve existir uma avaliação por parte do médico da medicina do trabalho da Universidade do Porto. Caso a retoma seja necessária, devem estar “resguardadas e usar máscara cirúrgica e garantir sempre que possível o distanciamento e adotar horários desfazados”.

Webinar esclareceu toda a comunidade

Com a duração de cerca de duas horas, o webinar desta terça-feira – que pode ser visto na íntegra em baixo – permitiu esclarecer mais de 100 questões que, nos últimos dias, foram colocadas pela comunidade académica.

A iniciativa contou com a participação de António de Sousa Pereira, Reitor da U.Porto, Maria de Lurdes Correia Fernandes, Vice-Reitora e Membro do Conselho Coordenador da Melhoria do Ensino-Aprendizagem da U.Porto (CCMEUP), José Castro Lopes, Pró-Reitor e coordenador da Task-Force da U.Porto para a Covid-19 e do Grupo de Trabalho para a retoma de atividades na U.Porto, Henrique Barros, Presidente do Instituto de Saúde Pública (ISPUP), Presidente do Conselho Nacional de Saúde e membro da Task-Force da U.Porto para a Covid-19 e do Grupo de Trabalho para a retoma, Teresa Leão, investigadora do ISPUP, médica de saúde pública e também membro da Task-Force e do grupo de trabalho para a retoma das atividades, e João Carlos Ribeiro, Administrador da U.Porto. A moderação coube a Raul Santos, diretor do Serviço de Comunicação e Imagem da U,Pporto e membro da Task-Force da U.Porto para a Covid-19.

Todas as informações são atualizadas, de forma permanente, em https://up.pt/covid-19.