Estudo conclui que 25% das crianças portuguesas com apenas um ano de idade já provaram refrigerantes. (Foto: DR)

Com apenas um ano de idade, 25% das crianças portuguesas já provaram refrigerantes, e as sobremesas doces são ingeridas em média a partir dos 13 meses. Estes são alguns resultados preliminares do EPACI Portugal 2012 – Estudo do Padrão e de Crescimento na Infância, um projeto inédito desenvolvido pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), a Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Católica do Porto e o Instituto de Saúde Pública da U.Porto (ISPUP), com o apoio da Direção-Geral de Saúde (DGS).

O estudo que pretende avaliar, pela primeira vez, a forma como crescem e comem as crianças até aos três anos em Portugal, revela dados interessantes. Se, por um lado, provam refrigerantes e sobremesas doces demasiado cedo, as crianças portuguesas também ingerem, por outro lado, uma boa quantidade de frutas e vegetais, o que diminui um pouco a preocupação com os seus hábitos alimentares.

O aleitamento materno exclusivo foi outro dos pontos destacados pelos investigadores, tendo-se comprado que aquele é assegurado em média apenas até aos três meses e meio de vida do lactente, aquém da meta dos seis meses estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Já o leite de vaca é introduzido antes dos 12 meses em 20% dos casos, o que constitui um indicador negativo neste âmbito.

Mais tarde, verificou-se o facto de que a partir dos 12 meses o comportamento dos pais altera-se, e as crianças começam a partilhar os erros alimentares da família. Tal confirma-se, assim, com a introdução dos refrigerantes com e sem gás nas crianças, em média aos 18 meses, sendo que 25% começam aos 12 meses. Alia-se o dado de que 12,2% das crianças nunca comeram vegetais no prato e 31,4% nunca provou cereais, entre os 12 e os 36 meses.

Apesar do EPACI não ser um estudo sobre a obesidade, o estado de nutrição da criança é tido em conta. Desta forma, e num mesmo período calculado desde o nascimento até à data de avaliação entre os 12 e 36 meses, os casos de “adequação nutricional” passam de 92,3% para 66,9%, os de “sobrecarga ponderal” evoluem de 4,3% para 32,7% e os casos de “obesidade” partem do zero para os 7,1%.

Esta evolução verificada é grave, juntando ainda os dados obtidos sobre a perceção que os pais têm sobre os filhos: 6% acha que a criança tem peso a mais, 14% peso a menos e 80% considera que os filhos estão bem.

Relativamente à diversificação alimentar, esta começa em média aos cinco meses, e os dados demonstram que 45% das crianças começam pela sopa e 45% pela papa. Outros resultados mostram também que 95% consomem diariamente leite, 81% comem sopa de vegetais pelo menos duas vezes por dia e 92,5% ingerem fruta todos os dias.

Estes dados preliminares apenas referem as avaliações feitas na Região Norte de Portugal. A base da avaliação é constituída por mais de duas mil crianças entre os 12 e os 36 meses de idade de todo o país, e só na Região Norte estão a ser avaliadas 721 crianças. A apresentação dos resultados nacionais do projeto EPACI, cuja mentora é Carla Rêgo, pediatra e docente da FMUP, está prevista para setembro deste ano.