Um projeto liderado pelo investigador Nuno Rodrigues dos Santos, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), é o vencedor da 2.ª edição da Bolsa de Investigação em Leucemia Linfocítica Aguda (LLA), uma distinção da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) e da Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH), com o apoio da Amgen Biofarmacêutica, no valor de 15 mil euros. O projeto distinguido promete revolucionar o tratamento daquela patologia em adultos e crianças em estadios mais avançados.

Denominado «Mecanismos de infiltração no sistema nervoso central em leucemia aguda precursora de células B tipo cromossoma de Filadélfia (CENSIBALL)», o projeto premiado representa “mais um passo na compreensão dos mecanismos e terapias que possam fazer frente à evolução das formas mais agressivas desta patologia”.

“Nos casos mais agressivos de LLA (adultos e crianças em estadios mais avançados), é necessária uma análise celular e molecular aprofundada para compreender quais as terapias mais eficazes. Através de testes em modelos animais que refletem os casos de LLA mais agressivos (nomeadamente casos com ativação da quinase JAK2 juntamente com a eliminação do supressor tumoral CDKN2A), vai ser possível avaliar em detalhe as alterações associadas à genética e tratar a doença mais agressiva”. explica Nuno Rodrigues dos Santos.

O objetivo, sublinha o investigador, “passa por compreender a resistência à terapia e estudar estratégias que tenham um impacto significativo no prognóstico do doente, abrindo caminho para futuros estudos terapêuticos pré-clínicos”.

No âmbito do projeto, a equipa vai também identificar as moléculas nas células leucémicas que promovem a invasão do sistema nervoso central e que levam a sintomas neurológicos nos doentes. «Atualmente não existem terapias específicas para eliminar as células leucémicas do sistema nervoso central. Este projeto tem o objetivo de avaliar igualmente o comportamento de progressão da LLA para criar barreiras de proteção contra estas células, ou seja, vamos identificar os agentes necessários para evitar a progressão da doença para o sistema nervoso central, em vez de atuar apenas numa fase avançada da doença», reforça o investigador.

O projeto premiado conta com uma equipa multidisciplinar na qual se incluem ainda Luís Maia, neurologista no Centro Hospitalar Universitário do Porto e investigador no i3S, Matthias Futschik, investigador do Imperial College London Faculty of Medicine, Dulcineia Pereira e Ricardo Pinto, hematologistas do Instituto Português de Oncologia do Porto e do Centro Hospitalar Universitário de S. João, respetivamente.

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Nuno Rodrigues dos Santos é Investigador Principal do grupo “Intercellular Communication and Cancer” do i3S, onde chegou em 2016. (Foto: i3S)

“Abrir portas para novas abordagens terapêuticas”

Manuel Abecasis, Presidente da APCL, lembra que “apesar de uma taxa de cura muito elevada nas crianças, nos adultos e a situação é diferente. A doença é mais resistente, as remissões são de curta duração, é necessária uma abordagem estratégica diferente”. Neste sentido, o projeto liderado por Nuno Rodrigues dos Santos, “pode contribuir nesta frente, afinal, é a primeira vez que a ativação da quinase JAK2 juntamente com a eliminação do supressor tumoral CDKN2A são apresentados como interveniente chave para este tipo de LLA”.

Já para João Raposo, Presidente da SPH, “a 2.ª edição da Bolsa de Investigação em LLA representa mais um passo para desconstruirmos as principais barreiras envolvidas nesta doença e avançarmos no desenvolvimento de soluções que possam ser o futuro para estes doentes, principalmente nos casos mais agressivos da patologia. A SPH deseja os melhores resultados na obtenção das metas estabelecidas para abrir portas para novas abordagens terapêuticas”.

O Diretor-Geral da Amgen, Tiago Amieiro, reforça por sua vez que “este é um projeto que beneficia de uma equipa multidisciplinar com elevada experiência e múltiplas valências. A Amgen está orgulhosa por apoiar um projeto que procura aprofundar o conhecimento e alavancar o potencial da biologia humana, na busca de novas soluções terapêuticas para doenças hemato-oncológicas de elevada mortalidade”.