A cientista Salomé Pinho, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), foi distinguida com um “ECCO Pioneer Award”, no valor de 300 mil euros, pela European Crohn´s and Colitis Organization (ECCO), uma associação médica europeia sem fins lucrativos dedicada à Doença Inflamatória Intestinal (DII). O projeto premiado visa perceber a importância do microbioma intestinal no desenvolvimento e progressão destas doenças do intestino e identificar novas terapias.

Os dados existentes sobre a Doença Inflamatória do Intestino, que inclui a Doença de Crohn e a colite ulcerosa, “indicam que a perturbação da relação simbiótica entre microorganismos e o sistema imunológico intestinal contribui para o desenvolvimento de DII anos antes do diagnóstico. Neste estudo pretendemos perceber as causas subjacentes à perda do equilíbrio microbiano intestinal (disbiose) associada à inflamação intestinal”, explica Salomé Pinho, líder do grupo “Immunology, Cancer & GlycoMedicine”. O objetivo final, acrescenta, é “identificar novos biomarcadores e novos alvos terapêuticos”.

O ECCO Pioneer Award “destina-se a premiar investigação científica visionária, pioneira e de caracter interdisciplinar na DII, sendo um prémio muito competitivo”. Como tal, “é motivo de um enorme orgulho ter conquistado este financiamento, mas também um incentivo que nos vai permitir utilizar tecnologia de ponta e recursos humanos diferenciados de forma a  explorar o papel dos glicanos (açucares) expostos à superfície da mucosa intestinal na sua relação com a microbiota e com o sistema imune, antevendo a identificação de novas estratégias terapêuticas que passam pela modulação do microbioma, uma abordagem promissora no tratamento e na prevenção da DII”, sublinha Salomé Pinho.

Este projeto conta com a colaboração da unidade de DII do serviço de Gastroenterologia do Centro Hospitalar e Universitário do Porto, coordenada por Paula Lago, e com o serviço de Gastroenterologia do Saint Antoine Hospital, Paris. Uma parceria que, segundo a investigadora, “permitirá estudar em larga escala doentes com DII, através do uso de tecnologias avançadas na área da glicobiologia e do microbioma e estudar o impacto do glicoma intestinal na disbiose e no desenvolvimento da DII”.

Coordenado pela investigadora do i3S, que é também professora afiliada da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), este estudo conta com a participação ativa do investigador e gastroenterologista, Harry Sokol, do Saint Antoine Hospital/Universidade Sorbonne (Paris, França).

“A colaboração com um dos maiores especialistas em DII e microbioma é uma grande mais valia, pois vai permitir-nos criar sinergias e complementaridades científicas e tecnológicas únicas, para além de permitir a partilha de estudantes entre os dois institutos”, nota Salomé Pinho.

O trabalho da investigadora do i3S na área da DII tem vindo a ser reconhecido a nível nacional e internacional. Entre os vários prémios internacionais que já recebeu pela sua investigação na área da DII, contam-se distinções atribuídas pela Sociedade Americana de Glicobiologia em parceria com a Oxford University Press, ECCO (European Crohns and Colitis Organization), CCFA (Crohns & Colitis Foundation of America) e IOIBD (International Organization for the study of Inflammatory Bowel Disease), assim como o financiamento de um milhão de euros, atribuído em 2019 pelo Departamento de Defesa Americano (U.S. Department of Defense).