Manuela Oliveira é investigadora do Grupo de Genética Populacional e Evolução do i3S. (Foto: DR)

“Quantos de vós conhecem alguém que morreu vítima de uma infeção hospitalar?” – Foi esta a pergunta lançada por Manuela Oliveira, investigadora do Grupo de Genética Populacional e Evolução do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, que serviu de mote ao projeto PathoWatch.med. E foi com este projeto que a investigadora conquistou um lugar entre os finalistas da segunda edição do ASA – ANJE Startup Accelerator, bem como o apoio do Programa RESOLVE, um programa de ignição da transferência de conhecimento na área da Saúde. Com estes apoios, a investigadora está agora a criar a sua própria empresa de prestação de serviços, coordenada por si.

Mas em que consiste afinal o PathoWatch.med? “Nos ambientes hospitalares estão presentes numerosos microrganismos patogénicos (bactérias, vírus e fungos), que podem desencadear graves infeções. Diariamente, no nosso país, segundo dados da DGS, ocorrem 12 mortes associadas a infeções adquiridas em contexto hospitalar, um número sete vezes superior ao de vítimas de acidentes de viação”, sublinha Manuela Oliveira. Os custos médios associados a este tipo de infeções, adianta a investigadora, rondam os 35.000€/doente. “Além do pesado custo económico, as infeções hospitalares contribuem para o sentimento de insegurança nos utentes, uma vez que, dão visibilidade a uma vulnerabilidade do sistema de saúde”.

Para fazer face a este grave problema de saúde pública, Manuela Oliveira propõe, “não só a monitorização periódica dos agentes patogénicos que colonizam as diferentes superfícies hospitalares (exemplos: maçanetas de portas, cabeceiras de camas, tabuleiros cirúrgicos, etc), mas também a elaboração de relatórios de acompanhamento onde se descreve um conjunto de medidas preventivas para redução da contaminação dessas superfícies”. A investigadora pretende também desenvolver uma plataforma interativa que permitirá a visualização dos resultados e das referidas medidas de contenção microbiológica. No final de um ano de monitorização, será atribuída aos hospitais aderentes a “Bandeira Azul” que atesta sobre a segurança microbiológica da unidade hospitalar.

Todos os dias, estima-se que morram 12 pessoas em Portugal devido a infeções adquiridas em contexto hospitalar. (Foto: DR)

Na segunda edição do ASA – ANJE Startup Accelerator, o projeto do i3S participou, durante três meses, em workshops, sessões de mentoria e consultoria e um Investment Day que contou com a presença de Adelino Costa Matos (Presidente da ANJE), Mário Ferreira (CEO da Douro Azul) e André Matias (Startup Team Albuquerque e Associados). O PathoWatch.med é um dos dez finalistas que participará na iniciativa Born Global, que integra missões a Telavive, Silicon Valley e Berlim. Estas ações enquadram-se no Projeto RESTARTUP, projeto da responsabilidade da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários, desenvolvido em parceria com a Universidade do Porto e a TecMinho, financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Norte 2020 – Programa Operacional da Região Norte, com fundos provenientes da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (www.restartup.pt). Adicionalmente, o projeto fica automaticamente apurado para a semifinal do 19º Prémio do Jovem Empreendedor.

Este projeto está também a ser apoiado pelo programa RESOLVE (www.resolve-health.pt), um programa de ignição da transferência de conhecimento na área da Saúde, que visa apoiar projetos semente com ferramentas desenhadas para colmatar falhas, tanto em termos de tecnologia como em termos de estratégia de mercado. O RESOLVE apoia o PathoWatch.med através de um conjunto de 7 “Ferramentas” (RESOLVE Toolbox) de promoção da transferência de tecnologia implementadas ao longo de 12 meses, com mentoria pela equipa RESOLVE.

No âmbito deste programa, está a ser financiada a prova de conceito do projeto «Pathowatch.med» em colaboração com o Hospital de Braga (www.hospitaldebraga.pt) e que já começou. De realçar que o Hospital de Braga foi considerado a melhor unidade hospitalar do país, pertence ao Estado e está sob a administração do grupo privado José de Mello Saúde (dados do Sistema Nacional de Avaliação em Saúde, SINAS).